Menos de 10% dos adolescentes cearenses receberam a segunda dose da vacina contra a dengue, segundo apontam dados preliminares do Programa Nacional de Imunizações (DPNI). Ao todo, 61,7 mil doses foram recebidas para aplicação da primeira etapa de imunização em todo o Ceará, mas apenas 15,6 mil delas foram administradas. A queda é ainda maior na segunda dose, já que apenas pouco mais de mil pessoas retornaram.
No Brasil, 2,2 milhões de vacinas contra a dengue já foram aplicadas, mas só existem registros para 636 mil segundas doses. O dado revela que menos da metade das pessoas buscaram a dose adicional, reforçando que apenas 28,9% estão completamente imunizadas.
O imunizante, inclusive, foi incorporado de forma inédita no Sistema Único de Saúde (SUS). A pasta da Saúde aponta que 6,4 milhões de registros da doença já foram realizados em 2024, enquanto mais de 5,3 mil óbitos foram confirmados. A proteção completa contra casos graves, que acabam levando a hospitalizações, só é garantida com as duas doses da vacina.
Em 2024, o público-alvo da campanha é composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Essa faixa etária concentra o maior número de hospitalização por dengue logo após de pessoas idosas, grupo para o qual o imunizante não foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A distribuição das vacinas utilizou critérios seguindo recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da OMS. Foram priorizados as regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes. Também foram consideradas as altas taxas nos últimos meses.
Outros cenários
O melhor cenário de aplicação foi registrado pelo DPNI no Rio de Janeiro, município em que 60% dos imunizados receberam a segunda dose. No total, 192,2 mil adolescentes receberam a primeira dose, número que ficou em 117 mil imunizados com a segunda.
Em seguida, Paraná; Distrito Federal; Amapá; Piauí; Santa Catarina; Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte apareceram com as melhores taxas de retorno, entre 30% a 36%. Já o Mato Grosso; Ceará; Alagoas; Rio Grande do Sul; Pará e Rondônia tiveram os piores números, com menos de 10%.
"A vacinação é uma das inovações para enfrentar a dengue, que em 2024 aumentou em todo o mundo, sobretudo devido às mudanças climáticas. Para ter proteção contra casos graves e hospitalizações por dengue, o público-alvo precisa tomar duas doses do imunizante incorporado de forma inédita no SUS", afirma o Ministério da Saúde.
A Qdenga, aprovada pela Anvisa para pessoas entre 4 e 60 anos, demonstrou eficácia de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves. O intervalo, como já visto, é de três meses entre as doses. Segundo o próprio Ministério da Saúde, o intervalo de aplicação precisa de atenção direta da população.