Meningite infecta em média 20 pacientes por mês no Ceará; saiba quais os sintomas e como se prevenir

Cobertura vacinal contra a doença está abaixo do ideal entre cearenses desde 2020

Uma doença séria e prevenível por vacinação tem avançado entre os cearenses, em 2022: a meningite. De janeiro a 23 de julho, o Ceará já registrou 141 casos e 12 mortes pela doença, superando o mesmo período do ano passado.

Para fim de comparação, o Estado teve, de janeiro a agosto de 2021, 108 casos da doença, dos quais 7 tiveram a morte do paciente como desfecho. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), coletados pelo Diário do Nordeste.

A meningite é uma inflamação das meninges, as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode ser causada por vários agentes, como vírus, parasitas, fungos e bactérias.

A pediatra Vanuza Chagas explicou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que as meningites bacterianas, como a pneumocócica e a meningocócica, “costumam ser as mais severas, e na faixa etária pediátrica, o meningococo tem número de casos bem maior”.

Os principais sintomas da meningite bacteriana são:

  • Febre alta;
  • Vômito; 
  • Rigidez de nuca; 
  • Manchas na pele; 
  • Sensibilidade à luz; 
  • Agitação; 
  • Confusão mental. 

Em recém-nascidos e bebês, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), “alguns dos sintomas podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos”. O bebê pode ficar irritado, vomitar, comer mal ou parecer irresponsivo a estímulos. “Também podem apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais”, acrescenta o MS.

Vanuza Chagas alerta, ainda, que a doença causada pelo meningococo “é extremamente perigosa e pode deixar sequelas graves, como paralisia cerebral, surdez e até amputação de membros”.

O Ministério da Saúde descreve os sintomas das meningites por outros agentes causadores, todos basicamente semelhantes:

  • Sintomas de meningite viral: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vômito, falta de apetite, irritabilidade, sonolência ou dificuldade para acordar, letargia, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz).
  • Sintomas de meningite por parasitas: dores de cabeça, rigidez de nuca, náuseas, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz) e/ou estado mental alterado (confusão).
  • Sintomas de meningite por fungos: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz), e status mental alterado.

Cobertura vacinal abaixo da meta

As principais vacinas que combatem a meningite são ofertadas no Sistema Único de Saúde (SUS), como a meningocócica C, aplicada a partir dos 3 meses de vida; e a meningocócica ACWY, para adolescentes. Na rede privada, as clínicas dispõem da meningocócica B e da ACWY.

Os adultos e adolescentes podem ser portadores assintomáticos do meningococo e transmitirem às crianças, daí a importância da vacinação.
Vanuza Chagas
Médica pediatra

No Ceará, a cobertura da vacina meningocócica C está abaixo da meta de 95% do público-alvo desde 2020. Aquele foi, aliás, o primeiro ano, desde 2011, que a cobertura ficou abaixo de 95%.

Em 2021, apenas 72% da população vacinável tomou a primeira dose do imunizante, e menos de 70% buscaram o reforço. Já neste ano, 52% já receberam a primeira aplicação e 49% tomaram o reforço.

O Ministério da Saúde frisa que “as vacinas atuam na prevenção das principais causas de meningite bacteriana, e estão disponíveis no calendário de vacinação da criança”. Os imunizantes são: meningocócica C, pneumocócica 10-valente e pentavalente.

Como a meningite é transmitida?  

Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Também ocorre a transmissão fecal-oral, pela ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes, segundo o Ministério da Saúde.

Qual é o tratamento da meningite? 

Por ser uma doença que pode evoluir com muita gravidade, o MS alerta que “casos suspeitos de meningite sempre são internados nos hospitais e, por isso, ao se suspeitar de um caso, é urgente a procura por um pronto-socorro hospitalar para avaliação médica”.

O Ceará já registrou, entre janeiro e maio deste ano, 78 internações por meningites de diversos tipos. A bacteriana e a viral concentram o maior número de hospitalizações.

O tratamento para todas as meningites, então, deve ser orientado e prescrito por um profissional de saúde, sendo totalmente contra-indicada a automedicação.