Seis meses de esperança, incerteza e uma nova vida. Há pouco mais de seis meses, a jornalista Marina Alves passou por um transplante de medula óssea, etapa fundamental no tratamento de linfoma. "Cada batalhazinha que a gente vai vencendo, o meu coração é só gratidão por tudo que eu já passei até aqui", reflete a repórter.
Em 5 de abril, Marina "nasceu novamente", após receber a doação de medula óssea da irmã, que descobriu após o diagnóstico. Desde então, vive um dia de cada vez, enfrentando as dificuldades e seguindo um protocolo intenso de recuperação.
Nesta semana, a repórter teve mais uma boa notícia: o check-up de seis meses pós-transplante não identificou nenhuma doença.
Agora é continuar seguindo mesmo com os cuidados do pós-transplante. Apesar de muita gente achar que 'transplantou, pronto, acabou e já pode voltar à vida normal, à vida de antes', não é bem assim
Marina precisa seguir muitos cuidados e vai ao hospital semanalmente desde a alta. Além de uma rotina de exames e medicamentos, Marina tem acompanhamento com fisioterapeuta, nutricionista e psicologa.
Resguardada em casa, para evitar novas doenças, a repórter segue cautelosa. "Você vai nessa expectativa de que tudo vai se resolver muito rápido. E eu percebi nesses seis meses que não é bem assim. Cada corpo reage de um jeito", explica.
Ela precisou recuperar, por exemplo, a força dos membros do lado esquerdo, que perdeu após o transplante. "Eu não conseguia apertar, por exemplo, o spray do desodorante com a mão esquerda de tão fragilizada que eu fiquei, dos quilos que eu perdi... Eu fiquei muito fraca mesmo", lembra.
O corpo dela ainda está no processo de aceitar a nova medula e a sua imunidade precisa se fortalecer, como a de um recém-nascido. A expectativa é que, ainda neste mês de outubro, Marina comece o esquema vacinal, desde as que são administradas a bebês até o imunizante contra a Covid-19.
Nova internação em agosto
O início da vacinação foi atrasado por uma piora no estado de saúde, em agosto. Marina precisou ser internada, com manchas no corpo, diarreia e náuseas. Ela passou um mês sem conseguir deglutir, se alimentando por uma sonda parenteral, e perdeu dez quilos.
"Depois dessa internação, estou tendo uma cautela bem maior para evitar que isso aconteça de novo", relata Marina. Mesmo com os cuidados, ela testou positivo para o rotavírus, durante a internação.
Segurando a expectativa de voltar à rotina, sair com amigos e reunir a família, Marina segue fazendo planos.
"Sabendo que a hora vai chegar, assim como Deus planejou tudo. Chegou a hora certa do transplante, a doadora chegou na hora certa, correu tudo bem, a hora também de voltar à vida normal vai chegar na hora certa, na hora que Deus quiser, eu estou só aguardando", disse, esperançosa.
Relação com a irmã
A enfermeira Lumara Sousa foi uma das surpresas de Marina durante o tratamento. A repórter, que até então acreditava ser filha única, descobriu a irmã em meio a busca para encontrar um doador compatível.
Desde então, as irmãs têm estreitado laços. Marina conta que elas se falam praticamente todo dia e se veem com mais facilidade pois Lumara trabalha no hospital onde ela faz acompanhamento.
"Tivemos o primeiro encontro com o nosso pai, que foi aqui na minha casa. Foi muito bom, a conversa fluiu muito bem, a gente ficou ainda mais próximos, ainda com o desejo ainda maior de viver mais coisas juntos", conta a jornalista.
Descobrindo as semelhanças e particularidades da irmã, Marina tem a certeza de que a relação será ainda melhor quando as duas passarem a sair juntas.
Doença em remissão
Na longa trajetória contra o linfoma, diagnosticado em setembro de 2021, Marina coleciona vitórias. Após uma grande campanha na busca de um doador, a jornalista achou a pessoa compatível, de uma forma bem especial. O procedimento foi bem-sucedido e a medula "pegou": as células saudáveis começaram a subir.
Agora, seis meses após o procedimento, todos os exames tiveram resultados positivos. A repórter realizou PET scan, ecocardiograma, espirometria (para testar a capacidade do pulmão) e vários exames de sangue.
Um dos resultados mais importantes foi o do PET scan, já que o exame pode diagnosticar sinais de câncer e verificar o desenvolvimento de um tumor. Marina, pelos próximos cinco anos, deve acompanhar possíveis sinais do linfoma
"Sempre fazendo exames para ver se a doença volta ou não e, se voltar, começar o tratamento o quanto antes. Todo mundo fica aqui na expectativa, aí quando sai o resultado é um alívio muito grande", explica Marina.