Mães e pais de crianças aptas a se matricularem no segundo ano do Ensino Fundamental pernoitaram em um colégio particular da Aldeota, em Fortaleza, na noite da última terça-feira (15), para garantir uma vaga na turma de 2025 da instituição.
"A gente não esperava isso", disse Estênio Mota, diretor da unidade do Ari de Sá. "Tem uma série de entrada na escola, que é o segundo ano do Fundamental. Para essa turma, a procura é bem maior que a oferta de vagas", justificou ele.
Geralmente, segundo o diretor, a escola antecipa as vagas da turma para irmãos de estudantes da instituição. Neste ano, sobraram 50 matrículas para oferecer a alunos de fora, mas a demanda externa para o turno era de mais de 100 matrículas. "Como são crianças pequenas, [a matrícula] é por ordem de chegada [e não teste de admissão]. Este ano, eram 50 senhas, mas tinha umas 100 e tantas crianças inscritas", explicou Estênio.
A oferta restrita fez com que os responsáveis pelos pequenos — que queriam muito uma vaga na escola específica — se enfileirassem na porta da instituição na noite anterior à data da matrícula, poucas horas antes da distribuição das fichas. Tudo para garantir que seriam atendidos.
"Foi um grupo, um pequeno grupo [de pais e mães para a fila antes da data da matrícula]. O problema é que o pessoal filma e coloca nos grupos [de WhatsApp], aí os vídeos vão disseminando e você sabe, né? Sempre tem alguém que entra na mesma loucura e vai [para a fila também]", relatou uma mãe que também pleiteia vaga para o filho na escola, embora não tenha entrado na "fila física".
Mulher contratou segurança pessoal
Segundo a mesma mulher, uma mãe contou no grupo do WhatsApp que contratou segurança pessoal para fazer a proteção dela durante a madrugada que acreditou que passaria fora da escola. "Isso para pagar R$ 2 mil de mensalidade", brincou a fonte.
No vídeo que circula nos grupos de mensagem, uma mulher filma a fila e fala: "Para ficar na história. A humilhação que a gente passa pelos nossos filhos. Histórico. Isso se chama: 'Os humilhados serão exaltados'", diz ela, que não aparece nas imagens, apenas a voz.
Público da fila passou a noite na escola
De acordo com Estênio, assim que soube que uma fila estava crescendo na parte externa da instituição, na noite anterior à matrícula, ele se assustou, mas determinou que as pessoas fossem acolhidas dentro da unidade. "No outro dia, às 6 [horas] da manhã, eles receberam [as fichas] e fizeram o processo todo [da matrícula]", narrou o diretor.
Às 10 horas da quarta-feira (16), todas as 50 matrículas disponíveis tinham sido preenchidas. Os que não conseguiram vagas entraram para filas de espera ou estão em diálogo com o colégio para vagas no turno da tarde — estas estão disponíveis.