Pacientes que utilizam o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) devem presenciar mudanças nas estruturas das unidades, nos próximos anos, após reformas e ampliações anunciadas nesta segunda-feira (9) pela gestão da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Com investimento de R$ 40 milhões, a Meac terá a capacidade de atendimento ampliada de 21 para 40 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e de 35 para 56 os leitos de Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal, com vagas convencionais e do tipo “canguru”. O prazo de finalização é março de 2024.
Já o HUWC passará a funcionar em outro prédio, próximo à Lagoa do Porangabuçu. No espaço, seria instalado outra unidade de saúde, mas o Governo do Estado cedeu o prédio à UFC – que contará com cerca de R$ 150 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3) para finalizá-lo.
Superlotação na MEAC
A maternidade escola já está com ampliação em andamento. Com investimento de R$ 12 milhões, foram construídos um pronto-socorro obstétrico e leitos de observação, como lista Arthur Chioro, presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Os novos R$ 40 milhões anunciados nesta segunda (9) serão destinados, então, a erguer outro pavimento, a ser ocupado pelos novos leitos de UTI, unidades intermediárias e leitos canguru, segundo complementa o gestor.
O equipamento seria entregue em junho de 2024, mas deve ser antecipado e ficar pronto até o dia 8 de março, segundo Chioro.
"Queremos antecipar o máximo possível, porque a conclusão e a entrega dessas obras permitem que nós possamos passar para uma nova fase de adequação do espaço e o compromisso do PAC", completa o presidente.
Dessa forma, a demanda por atendimento de bebês deve ser suprida, o que não acontece atualmente, como frisa Josenília Gomes, nova superintendente do Complexo Hospitalar da UFC, empossada na manhã de hoje (9).
“A UTI neonatal da Meac tem capacidade para 21 bebês e, na maioria das vezes, tem 30. A gente coloca berços e adequa para atender mais, mas com a precariedade de instalações. Essa notícia de que a gente vai poder aumentar a capacidade deixa todos de alma renovada, porque temos toda uma expertise no fazer adequado”, detalha.
Novo Hospital Universitário
A mudança do HUWC para um novo prédio, totalmente renovado, também é recebida com otimismo pelos gestores. Josenília observa que, hoje, há dificuldade logística para atender toda a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) que chega ao hospital – sobretudo por procedimentos cirúrgicos de neurologia e reumatologia.
"Temos filas nas áreas cirúrgicas, que está sendo um foco de atenção da Secretaria da Saúde. Temos filas para consultas de especialidades, porque aqui temos todas as especialidades clínicas", finaliza.
As principais demandas são de necessidade de ampliação mesmo, a gente vê filas enormes e a gente sem conseguir atender essa população que está com dificuldade de acesso porque hoje a gente já funciona com a máxima capacidade
A superintendente contextualiza que as equipes buscam cuidar das pessoas efetivamente e aliviar o sofrimento das famílias atendidas. "Nós estamos numa rotina corrida e intensa para aproveitar essa oportunidade que é única para oferecer às pessoas que usam o Sistema Único de Saúde um hospital de qualidade que merecem", reflete a gestora.
Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo, em 64 anos da organização hospitalar. "Sinto uma responsabilidade enorme de representar todas as mulheres, esses espaços não são normalmente ocupados pela gente, com certeza o olhar sobre a nossa forma de fazer é muito mais rígido, mas estamos aqui para fazer”, concluiu.
Arthur Chioro pontua que o prédio doado pelo Governo do Estado e que receberá o novo HUWC terá de passar por adaptações estruturais.
“O outro hospital tinha outro padrão construtivo, destinado a certo tipo de serviço. Vamos colocar 40 leitos de UTI adulto, por exemplo, então vamos precisar saber quantas salas cirúrgicas temos e quantas vamos querer, que tipos de enfermarias teremos”, exemplifica.
“Era um hospital pensado pra ter convênio com planos particulares, e conosco será 100% SUS. Queremos iniciar as obras já semana que vem”, frisa Chioro.
Com investimento estimado em R$ 150 milhões, a entrega do novo complexo hospitalar, localizado no bairro Porangabuçu, deve acontecer em cerca de 18 meses, como projeta Custódio Almeida, reitor da UFC. Ele ressalta ainda a dupla função do HUWC de oferecer atendimento qualificado de saúde e contribuir para a formação dos estudantes.
"Se espera que o novo hospital tenha as melhores condições para atendimento dos estudantes da área de saúde que precisam do equipamento para formação, como Medicina, Farmácia, Enfermagem, Fisioterapia e Odontologia", completa o reitor.
Emergência no Hospital das Clínicas
Com a mudança de todas as instalações do HUWC ao novo prédio, ainda sem data precisa para acontecer, a unidade atual deve ficar vaga. A Reitoria da UFC afirma estar em diálogo com as Secretarias Estadual e Municipal da Saúde para um consenso sobre o novo uso do local.
Uma das ideias é reabrir o setor de emergência do Hospital das Clínicas, que foi desativado no início da década de 1990. "Isso é uma outra linha de trabalho que a gente vai ter de tratar", adianta Custódio. Ainda não há valores e datas divulgados para a realização do projeto.
A superintendente do complexo hospitalar da UFC completa que essa possibilidade também deve contribuir para a formação dos estudantes que, no momento, aprendem sobre o atendimento emergencial nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
"Estamos começando agora com esse planejamento, a emergência do Hospital Universitário foi fechada em 1990 e temos esse sonho desde então, entendendo que a formação do estudante é importantíssima que passe pela emergência", frisa Josenília.
Ebserh
O Complexo Hospitalar da UFC, formado pelo Hospital Universitário Walter Cantídio e pela Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011.
No País, 41 hospitais universitários federais são geridos pela Ebserh no atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e apoio à formação de profissionais de saúde e desenvolvimento de pesquisas e inovação.