Fim dos ‘apagões’? Semáforos de Fortaleza terão investimento de R$ 33 milhões para modernização

Número de equipamentos “inteligentes” será ampliado e material de cabos deve mudar para evitar furtos

Trânsito caótico, carros e motos se desentendendo, ônibus fechando cruzamento. Semáforos apagados por dias. Em dia de sol ou chuva, o cenário se tornou comum em Fortaleza – e alvo de queixas por parte dos condutores.

Na tentativa de solucionar os transtornos, a prefeitura pretende modernizar e ampliar a rede de semáforos, que conta hoje com 1.061 equipamentos. Do total, quase metade não é “inteligente”, ou seja, não tem os problemas identificados em tempo real.

R$ 33,3 milhões
é o investimento previsto em licitação para ampliação, manutenção e renovação da rede semafórica em 2023.

De acordo com a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), apenas 56% dos semáforos da quinta maior capital do País são operados de forma remota por alguma das centrais de tráfego. Os demais não têm comunicação de dados.

“(Esses semáforos) têm importância relevante nesse projeto, em razão da quantidade de cruzamentos e por serem o escopo da modernização. O objetivo é ter algum tipo de controle central sobre eles, permitindo melhor gerenciamento, garantia da correta operação, detecção célere de falhas e melhora no tempo de atendimento”, pontua a licitação.

Outra ferramenta que deve ser modernizada a partir de 2023 é a botoeira sonora, recurso útil para orientar pessoas com deficiência sobre o momento de atravessar as vias, como cita Lélio do Vale, gerente da Central da Mobilidade para Preservação de Vidas no Trânsito. 

“Estamos implantando um equipamento mais moderno que o atual: ele vai ajustar o volume do bipe em função do ruído na região. Em lugares com maior ruído, como o Centro, o usuário poderá identificar o bipe de maneira mais fácil”, descreve.

Prevenção ao furto de cabos

Todos os dias, ao sair de casa para o trabalho, a manicure Cátia Costa, 26, enfrenta “um engarrafamento infernal”, agravado pela ausência do semáforo que ordenava o trânsito entre a rua Professor Sila Ribeiro e a Av. Almirante Henrique Sabóia, no Papicu.

“Como é um local onde passa muito ônibus, por causa do terminal (de Integração do Papicu), fica muito perigoso. Vejo moto e bicicleta se arriscando todo dia. Já faz mais de uma semana que tá apagado, e nada se resolve”, desabafa.

Uma das principais causas para os “apagões” de semáforos em Fortaleza, segundo a AMC, é o furto de cabos, que inutiliza o equipamento. A solução também está entre as mudanças previstas para 2023, como pontua Lélio do Vale.

Vamos colocar cabos de alumínio, o que vai nos ajudar a combater os furtos, que ocorrem por interesse no cobre. Estamos tentando dar uma resolução técnica pra um problema que não é social. Não conseguimos atuar contra o furto, mas minimizar o problema.
Lélio do Vale
Gerente da Central da Mobilidade para Preservação de Vidas no Trânsito

Entre janeiro e novembro deste ano, cerca de 1,1 mil ocorrências de furto de cabos de semáforos foram registradas pela AMC, mais que o dobro das 439 ações criminosas do tipo contabilizadas em 2021.

Só neste ano, de acordo com a Prefeitura de Fortaleza, os furtos causaram um prejuízo de R$ 2,1 milhões aos cofres públicos municipais, “um prejuízo enorme”, segundo declarou o prefeito José Sarto.

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cruzamentos da cidade têm “nobreak”, dispositivo que evita apagões diante de falhas temporárias no fornecimento de energia e variações na tensão elétrica.

Mais semáforos na cidade

A dinâmica de crescimento e ocupação da cidade tem demandado, além de modernização, maior número de semáforos. Segundo Lélio do Vale, o equipamento “é um gestor de conflitos”, e o contrato milionário a ser executado em 2023 visa aumentar a segurança de pedestres e condutores.

“Uma farmácia instalada num local pode mudar a dinâmica do entorno, aumentar a travessia de pedestres e a presença de pessoas idosas, por exemplo”, ilustra o gerente, ao afirmar que não é possível firmar quantos novos semáforos serão instalados no ano que vem.

A intenção da gestão municipal, como aponta a AMC, não é somente ampliar a rede de semáforos, mas modernizá-la para evitar defeitos – e solucioná-los de forma mais rápida, quando ocorrerem.

“Fortaleza é uma cidade muito dinâmica, está sempre mudando, e precisa implantar um semáforo num lugar ou outro que haja necessidade. Visto que ele é um gestor de conflitos, esse contrato atende à necessidade de melhorar nossa segurança viária”, pondera Lélio.

De janeiro a outubro deste ano, mais de 5 mil internações de vítimas de acidente de trânsito foram registradas em Fortaleza, de acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Jovens de 20 a 29 anos lideram em número de notificações.

No mesmo período, 81 vidas foram perdidas em sinistros de trânsito na capital cearense, como apontam dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Do total, 62 eram do gênero masculino e 19 do feminino.