A assistência prestada pelo Instituto Dr. José Frota (IJF) deve ser fortalecida, neste fim de ano, com a doação de 206.462 itens hospitalares pelo Governo do Estado. A decisão, de acordo com o governador Elmano de Freitas, vem da recente crise e da “preocupação” com um possível colapso do hospital diante da demanda do fim de ano.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, nesta quinta-feira (26), o gestor informou que a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) “recebeu uma planilha da equipe de transição (do prefeito eleito Evandro Leitão) com o que tem de deficiência hoje no IJF”.
“Estou preocupado, porque vai ter as festas de final de ano e, especialmente na virada, tem festividades na nossa cidade, milhares de pessoas nas ruas, e eu estou com receio de chegar no dia 31, dia 1º, e não ter gaze, não ter remédios básicos lá”, cita o governador.
Uma equipe da Sesa esteve no IJF, na semana passada, e identificou que “há uma falta de tudo”, formando “uma lista grande, tanto de medicamentos quanto de material médico hospitalar” em déficit no hospital. A informação é da titular da Sesa, Tânia Mara Coelho, dada em entrevista ao Diário do Nordeste também nesta quinta (26).
Assim, serão retirados do estoque do Estado e doados ao IJF 78 mil medicamentos, como antibióticos e anestésicos, e mais de 128,4 mil itens como gaze, algodão, seringas e kits intubação. “Vamos entregar uma parte até segunda-feira (30), e depois vamos complementar”, projeta Tânia, que deve visitar o IJF nesta sexta (27).
“Estamos em contato direto com a superintendência do IJF, conversamos também com o secretário de Saúde de Fortaleza, e já levantamos muitos dados. Amanhã (27) vou pra uma visita oficial, ver a situação real do hospital”, afirma.
O prefeito José Sarto comentou sobre a situação do IJF durante coletiva de imprensa sobre o Plano Operacional do Réveillon 2025, na tarde desta quinta-feira (26). O gestor afirma que "o IJF está preparado, como sempre esteve, para esses grandes eventos" em relação às festas de fim de ano.
Conforme o atual prefeito, praticamente todo o valor arrecadado com o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) é direcionado para o hospital, mas que há um déficit de recurso para manter o funcionamento.
"Do total de atendimento do IJF, 52% são de pessoas oriundas do interior do Ceará e de outros estado. O déficit mensal não é de agora, desde a antiga Assistência Municipal, e continuará se não houver uma repactuação entre Governo do Estado, Governo Federal e Governo Municipal", avalia.
Saúde tem R$ 500 milhões em dívidas
Questionado sobre a possibilidade de aumentar os aportes financeiros do Governo do Estado ao hospital municipal, Elmano reforçou que “a atenção do Estado permanecerá intensa com o povo de Fortaleza”, e que o que deve mudar com a chegada de Evandro Leitão à prefeitura “é a disposição do prefeito de fazer parceria com o governo”.
O governador destacou que, ao assumir, Evandro deve fazer “um diagnóstico da situação como um todo”, mas adiantou que a realidade é de “uma prefeitura muito endividada, o que coloca desafios financeiros importantes”.
“Estamos falando de mais de R$ 500 milhões em dívidas só na saúde. Então, primeiro, tem que confirmar essas informações, saber se é só isso, se é mais que isso… Porque eu já ouvi falar que é bem mais”, declara.
Além do suporte com medicamentos e insumos – que é limitado, já que o Governo do Estado tem a demanda dos próprios hospitais para atender –, a secretária Tânia Mara aponta que deve ser reforçado o trabalho de regulação de pacientes, que já tem sido feito para “desafogar” o IJF.
“O IJF já consegue, por exemplo, enviar pacientes de longa permanência para a Casa de Cuidados do Ceará. É a instituição que mais envia pacientes pra lá. E isso é importante, porque conseguimos dar rotatividade aos leitos”, exemplifica a gestora.
“Estamos também em contato com a Central de Regulação pra atualizar qual paciente tinha indicação pro IJF e não tem mais, ou quais os que chegam, não são o perfil do hospital, mas ficam”, acrescenta.
A secretária estadual da Saúde afirma ainda que, “com a abertura dos dois serviços de politrauma no interior, tanto do Sertão Central como do Vale do Jaguaribe, foi possível desafogar o IJF”, de modo que, segundo ela, “o hospital atende mais Fortaleza e a RMF, que é mesmo o perfil que ele deve atender”.
“Nesse momento, temos que atacar o problema prioritário, abastecer o IJF dentro da nossa possibilidade, porque temos que garantir insumos também para os hospitais da rede estadual.”