Covid-19: após um mês de vacinação com a bivalente, apenas 12,1% da meta foi alcançada no Ceará

A dose está liberada para população acima de 18 anos e oferece proteção contra novas cepas do coronavírus

Um mês após a liberação da vacina bivalente contra a Covid para todos os adultos com o esquema básico, iniciada no dia 25 de abril deste ano, apenas 12,1% da meta foi alcançada no Ceará. Em meio às constantes mutações do coronavírus, essa é uma proteção atualizada. Por isso, uma campanha de vacinação, incluindo o imunizante contra a gripe, acontece neste sábado (27).

Foram aplicadas 930.943 doses da vacina bivalente em um mês exato da liberação, conforme o monitoramento da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Por outro lado, a meta de cobertura é de 7,6 milhões de cearenses.

Todos os maiores de 18 anos, com no mínimo duas doses da vacina contra a Covid, no intervalo de quatro meses da última aplicação, podem receber a bivalente. Apesar da redução de mortes, a doença ainda causa internações.

Os municípios de Itaitinga (37,9%), Monsenhor Tabosa (31%) e Altaneira (29,6%) aparecem com a maior proporção desse tipo de imunizante aplicado. No outro extremo, Santana do Cariri (0,3%), Fortim (3%) e Ipueiras (3,4%) estão com as menores coberturas. Os dados podem sofrer alterações conforme a atualização do sistema pelos municípios.

Na capital cearense, 242.355 pessoas receberam a bivalente em um mês, o que corresponde a 10,5% da meta de 2,3 milhões de pessoas.

O infectologista Keny Colares avalia o ritmo da vacinação menor do que o desejado e isso é motivo de preocupação, porque a proteção do organismo cai naturalmente entre quatro e seis meses após a vacinação e pelo surgimento de variantes.

As pessoas tendem a relaxar, especialmente, na nossa realidade que temos de enfrentar tantos desafios e acabam algumas coisas sendo priorizadas numa vida agitada que todos nós vivemos
Keny Colares
Infectologista

O especialista também contextualiza que a bivalente é a primeira a trazer componentes da Ômicron, a forma mais circulante em todo o mundo desde o começo de 2022. A vacina aplicada é a Pfizer/Comirnaty,  que possui cepas do coronavírus original e as subvariantes da Ômicron BA.4 e BA.5. 

A aplicação da bivalente começou no final de fevereiro deste ano para o público prioritário, como idosos e pessoas com comorbidades. Esses são exemplos de pessoas mais vulneráveis às formas graves ou risco de morte pela Covid.

Os idosos de 70 anos ou mais, inclusive, estão no grupo com maior cobertura da bivalente, com 277.767 doses aplicadas no período. Os números caem proporcionalmente até os mais jovens: apenas 83.840 pessoas de 18 a 29 anos receberam a proteção.

Apesar de não serem tão suscetíveis às formas graves, os jovens não vacinados podem transmitir mais a doença. É por isso que a campanha de vacinação da bivalente incluiu todos os adultos, como destaca Keny.

“As pessoas que não tem essas comorbidades e se infectam por não estarem vacinadas levam os vírus para pessoas com mais idade. A gente nunca vai conseguir protegê-los (os mais vulneráveis) se vacinarmos só esses indivíduos", acrescenta o infectologista.

É exatamente essa possibilidade a temida pela analista de Recursos Humanos Camila Corrêa, de 38 anos, que mora com a mãe idosa. Por ter contato com muitas pessoas, buscou a dose da bivalente no primeiro fim de semana de liberação para os adultos.

"Eu não tenho medo de me infectar, mas sim de infectar outras pessoas. Eu sou jovem, saudável e não tenho muitos receios. Meu medo é passar a doença para outras pessoas e sigo o calendário vacinal por essa preocupação", frisa.

Camila conhece pessoas que, apesar de terem recebido apenas duas doses da vacina, não têm interesse pelo novo reforço. Ela é enfática ao observar esses casos como descuido, falta de interesse e de responsabilidade.

"Diante de todo o cenário que a gente já viveu, a pessoa simplesmente se recusar ou não buscar a vacina, é uma irresponsabilidade muito grande", conclui.

Qual é o risco da Covid?

A vacinação contra a Covid levou à queda expressiva do número de infecções e mortes pela doença. Após o período mais crítico, então, qual o atual risco do coronavírus?

"Esse ano tivemos muitos internamentos por pneumonias associadas a vírus e síndromes respiratórias agudas graves. A Covid foi a principal causa, mesmo que influenza e o vírus sincicial respiratório tenham causado também internações", detalha Keny.

Além disso, o coronavírus continua replicando e mutando. Daí, surgem novos tipos que podem ameaçar o combate à doença.

"Estamos o tempo todo observando o surgimento de novas variantes. Tem uma subvariante que surgiu na Índia, chamada Arcturos, que não chegou aqui ainda, que causou novas ondas da doença e até aumento das internações", destaca Keny.

Rotina e vacinação

Para a arquiteta Vitória Kananda, de 24 anos, a rotina agitada e o receio de ter reação são os principais motivos para ainda não ter buscado a bivalente.

“Não cheguei a pesquisar para ver se a bivalente também apresentava essa possibilidade de reação, mas é um dos receios para ir logo tomar. Minha última dose foi a terceira no ano passado, em fevereiro”, destaca.

Vitória já teve Covid, mas por estar vacinada os sintomas foram leves. Agora, deve encontrar um espaço na agenda para garantir a nova proteção.

“Já vi a divulgação nas redes sociais, mas ainda não tive tempo para ir tomar a vacina. Só funcionaria para tomar no final de semana por causa do trabalho”, completa. Em Fortaleza, onde vive, apenas um ou dois postos costumam funcionar no fim de semana.

Em outros momentos da campanha contra a Covid, shoppings e outros espaços, como o Centro de Eventos, também funcionavam como pontos de vacinação. Em alguns, a imunização acontecia até durante parte da noite.

Com apenas um posto de saúde funcionando no fim de semana, o Diário do Nordeste registrou lotação e longas esperas por vacinação. Neste fim de semana, contudo, 20 postos de saúde estarão abertos para o dia “D” de imunização.

Campanha de vacinação

Este sábado (27) deve ser de mobilização para o dia “D” de imunização incentivado pela Secretaria da Saúde do Ceará. Pelo menos 71 cidades, de 184 municípios do Estado, aderiram à campanha até o momento.

A Sesa orienta a abertura de mais salas de vacinação e ampliação dos horários do serviço durante o dia para conseguir ampliar a cobertura vacinal da bivalente e da imunização contra a gripe. Além disso, as demais vacinas de rotina também devem ser disponibilizadas.

“Considerando a segurança e eficácia da vacina no período de sazonalidade da influenza e diante do cenário epidemiológico das síndromes gripais, a Sesa recomenda uma intensificação da vacinação nestes últimos dias de campanha, sobretudo para os grupos prioritários”, informou a coordenadora de Imunização da Sesa, Ana Karine Borges.

Em Fortaleza, 20 postos de saúde estarão abertos, das 8h às 16h30, no sábado. Já no domingo (28), a vacinação acontece nos postos de saúde Irmã Hercília (Rua Frei Vidal, 1821, no São João do Tauape) e Mattos Dourado (Rua Des. Floriano Benevides Magalhães, 391, no Edson Queiroz).

Postos de Saúde Dia “D” em Fortaleza:

Regional de Saúde I

  • Maria Aparecida Lima (Av. K - Conjunto Nova Assunção, 915 - Vila Velha)
  • Zenirton Pereira (Rua José Roberto Sales, 475 - Barra do Ceará)
  • Paulo de Melo Machado (R. Bernardo Pôrto, 497 - Monte Castelo)

Regional de Saúde II

  • Irmã Hercília (Rua Frei Vidal, 1821 - São João do Tauape)
  • Aida Santos (Av. Trajano de Medeiros, 813 - Vicente Pinzón)
  • Rigoberto Romero (Av. das Graviolas, 195 - Cidade 2000)

Regional de Saúde III

  • Clodoaldo Pinto (Rua Banvarth Bezerra, 100 - Padre Andrade)
  • Meton de Alencar (Rua Padre Perdigão Sampaio, 820 - Antônio Bezerra)
  • Mariusa Silva (Rua Araçá, 440 – Bonsucesso)

Regional de Saúde IV

  • Abel Pinto (Travess Goiás, s/n - Demócrito Rocha)
  • Gothardo Peixoto (Rua Irmã Bazet, 153 – Damas)
  • Valdevino de Carvalho (Rua Guará – Parangaba)

Regional de Saúde V

  • Jurandir Picanço (Rua Duas Nações, s/n - Granja Portugal)
  • Luiza Távora (Travessa São José, 940 - Mondubim)
  • Regina Severino (Rua Itatiaia, 889 – Canindezinho)
  • Dom Lustosa (Rua A, s/n – Granja Lisboa)

Regional de Saúde VI

  • Mattos Dourado (Rua Des. Floriano Benevides Magalhães, 391 - Edson Queiroz)
  • Messejana (Rua Cel. Guilherme Alencar, s/n – Messejana)
  • Melo Jaborandir (Rua Trezentos Quinze – Jangurussu)
  • Waldo Pessoa (Av. Capitão Hugo Bezerra, 75 – Barroso)