Quem é do Interior ou tem alguma ligação com o Sertão, certamente já ouviu falar ou até fez uso dela. A baladeira, também chamada de estilingue, é objeto que divide opiniões. Uns a veem como brinquedo, outros a consideram perigosa e até ilegal, quando utilizada para caçar passarinhos. Para desmistificar essa visão pejorativa, ela virou ferramenta esportiva em competição de tiro ao alvo na cidade de Limoeiro do Norte.
O objetivo do evento, conforme explica o servidor público e organizador do torneio, Francisco Pereira da Silva, é "conscientizar as pessoas de que a baladeira não deve ser usada para matar animais". Com o slogan "Um tiro sem culpa, troque o alvo", Pereira anseia "levar uma mensagem ambiental para as pessoas que ainda vendem ou caçam passarinhos".
A ideia surgiu durante as trilhas ecológicas que organizo em Limoeiro. Muitas vezes nos deparamos com pessoas caçando e aquilo me incomodava. Queria fazer algo para mudar a mentalidade dessas pessoas.
Alta procura
A primeira edição do torneio, que passará a ser anual, foi realizada no fim do mês passado e reuniu cerca de 500 pessoas de comunidades rurais da cidade de Limoeiro do Norte. Diante da alta e inesperada demanda, Pereira conta que teve de dividir o evento em etapas.
"Não esperávamos uma adesão tão grande. As pessoas abraçaram a causa e, diante do grande número de inscritos, fizemos o torneio em três etapas. Elas foram classificatórias. A cada fase, passava 50% dos inscritos, até chegarmos a grande final", detalha o servidor público.
Avançava quem acertasse mais vezes o alvo. A uma distância de dez metros, cinco alvos - feitos de ferro - foram dispostos em cima de um cavalete.
Cada participante tinha direito a dois tiros de reconhecimento e outros cinco efetivamente contando pontuação. As baladeiras podiam ser dos próprios participantes ou cedidas pela organização do evento, tudo de forma gratuita, tal qual fora a inscrição.
Sem caça a passarinhos
O torneio possuía apenas uma regra: o participante não podia comercializar, criar ou caçar passarinhos. "Se durante o evento, a gente tivesse alguma informação nesse sentido, o participante era desclassificado. Isso foi importante pois os próprios participantes ficavam atentos e, ao mesmo tempo, disseminavam a mensagem que gostaríamos de passar", diz Pereira.
Dos 500 participantes, cinco foram premiados. O primeiro lugar ganhou um carneiro; o segundo, um bode; o terceiro colocado foi premiado com um porco; o quarto, com um capote e, o quinto, com um pato. Além disso, todos eles ganharam troféu e uma camisa do evento.
"Essa premiação raiz foi pensada para atrair ainda mais as pessoas. Quem mora no interior gosta muito. Nossa intenção era se aproximar o máximo possível das comunidades para espalhar a mensagem e começar a mudar essa cultura de caça, de venda de animais", conclui Pereira.