Atualmente, o Ceará tem cerca de 55 mil pessoas aguardando o chamamento da rede pública de saúde para a realização de algum tipo de cirurgia eletiva - aquela que pode ser marcada previamente. Mesmo acelerando a redução da fila no ano passado, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) ainda espera aumentar em 10% o número de procedimentos neste ano, inclusive com a possibilidade de enviar pacientes de Fortaleza ao interior do Estado.
As informações foram compartilhadas pela médica Melissa Medeiros, coordenadora do programa de cirurgias eletivas da Sesa, em entrevista ao programa Conexão Verdinha, da Verdinha FM, na manhã desta sexta-feira (1º).
Segundo ela, a Sesa discute a possibilidade de inverter um fluxo histórico: em vez de enviar pacientes para fazerem a cirurgia em Fortaleza, os municípios do interior receberiam pacientes da Capital para dar vazão à fila.
O Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), em Limoeiro do Norte, por exemplo, foi inaugurado para realizar cirurgias de emergências, mas tem o potencial de abranger também os procedimentos eletivos.
“A Secretaria de Saúde já está pactuando a realização de cirurgias eletivas neste hospital de grande dimensão. Então, é tentar potencializar para que um dia a gente possa chegar no ideal de as pessoas ficarem menos de 6 meses na fila de cirurgia, mesmo na alta complexidade”, contextualiza Melissa sobre o objetivo geral.
A gente precisa trabalhar na qualificação das filas que estão mais paradas. Então estamos buscando investir principalmente em traumato-ortopedia, vendo possibilidades da gente aumentar essas cirurgias em locais de difícil acesso como, por exemplo, o Vale do Jaguaribe e o Sertão Central
A Secretaria da Saúde, como explica a coordenadora, montou uma nova pactuação para oferecer mais cirurgias traumato-ortopédicas no interior do Estado. Com essa iniciativa, ela adianta: “talvez a gente precise de estratégias para mudar o fluxo”.
“Em vez de pessoas estarem se deslocando do interior para a capital para as cirurgias de maior complexidade, a gente pode inverter: levar pessoas que estão há muito tempo em filas eletivas para que realizem em hospitais de alta complexidade, como o que foi inaugurado no Vale do Jaguaribe”, completa Melissa.
Fila dinâmica
Em 2023, os estabelecimentos conveniados com a Sesa concluíram 65 mil cirurgias, quase zerando a fila inicialmente proposta no Programa Plantão Cirurgias, que era de 68.107 em meados de abril. Assim, restaram cerca de 3 mil pessoas aguardando algum procedimento.
Conforme Melissa, os números voltaram a crescer porque a fila é dinâmica e está em constante alteração. “Não tem como zerar fila, é impossível zerar, porque vamos continuar tendo problemas oculares ou de vesícula. As filas são dinâmicas, as doenças não vão desaparecer. É um problema mundial”, ressalta.
O objetivo da gestão, como acrescenta, não é focar apenas no número, mas qualificar a rede de saúde para reduzir o tempo de espera dentro de cada fila. “É uma fila para cada patologia, e são milhares de cirurgias”, lembra.
Melissa afirma que, embora os principais procedimentos se concentrem em casos como cirurgias de vesícula, hérnias e catarata, os casos que demandam maior atenção são as cirurgias traumato-ortopédicas, mais demoradas e complexas.
Atualmente, o Programa tem 77 municípios cadastrados para 2024, com hospitais-polo, municipais ou estaduais, capazes de realizar os procedimentos de média e alta complexidade. Porém, eles devem passar por uma “melhor estruturação”.
A estratégia também redistribui os recursos para a realização dos procedimentos considerando os chamados “municípios executores”. "Os municípios onde não se realizam procedimentos cirúrgicos vão alocar dinheiro repassado pelo Ministério (da Saúde) para onde é realizado. Temos tentado fortalecer a regionalização", completa.
Não estamos dobrando o número de hospitais, estamos capacitando hospitais de maior porte para que realizem mais cirurgias. Temos uma perspectiva de aumentar durante o ano, talvez em 10%, o quantitativo de cirurgias anual. Essa é a nossa maior ambição.
Como funciona o mutirão
Após passar por avaliação médica nos municípios, os pacientes recebem indicação de cirurgia com os resultados de exames laboratoriais no primeiro momento, como explicou a coordenadora do programa.
“Esse paciente precisa ser visto pela atenção especializada e, a partir da detecção de que realmente tem indicação cirúrgica, entra no sistema com uma classificação que depende da ordem e do risco de gravidade, de 'A' a 'D'", detalha. No último ano, foi feita a qualificação da lista de espera por meio do Ceará APP e Saúde Digital, por exemplo, para atualizar os dados.
Muitos exames laboratoriais, como tomografia e ressonância magnética, são mais complexos e parte dos pacientes precisaram de novos resultados, o que exigiu mais tempo para a realização das cirurgias. No entanto, a coordenadora disse que no fim do último ano o sistema conseguiu dar mais agilidade aos procedimentos.
Os procedimentos oftalmológicos, cirurgias de vesícula, hérnia inguinal e umbilical, histerectomia e cirurgias abdominais são as mais frequentes. “Vimos uma modificação no quantitativo das filas, a gente vê despontando as cirurgias de traumato-ortopedia e de maior complexidade que precisam de um olhar diferenciado”, acrescenta.
O mutirão para a realização dos procedimentos foi iniciado em abril e recebeu maior aporte de recurso em maio, conforme Melissa. À época, 59 hospitais estavam cadastrados para a realização das cirurgias eletivas.
A lei que autoriza os procedimentos foi sancionada no dia 17 de fevereiro, para dar celeridade à fila formada no Sistema Único de Saúde (SUS).
Como atualizar o cadastro
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