Cobras em quintais, caibros e motor de carro: saiba porque o animal lidera resgates no Ceará

Período chuvoso intensifica o aparecimento de serpentes e especialistas alertam como evitar acidentes

O período chuvoso favorece o aparecimento de cobras, seja no ambiente urbano ou rural, com resgate superior a 18 cobras por dia, entre fevereiro e maio deste ano, totalizando 2.244 bichos. Os animais chegam às residências, mas grande parte das espécies não oferece risco por peçonha.

Entre os motivos para o surgimento de serpentes durante a chuva está a reprodução desses animais. É nesse período em que as cobras buscam parceiros. Além disso, há oferta maior de alimentos, exatamente, quando há chuva no Ceará - sapos e ratos costumam ser o alvo.

Já no fim da quadra chuvosa, os filhotes começam a nascer e - ainda desnorteados - avançam em ambientes ocupados por seres humanos. Nesse ano, por exemplo, o total de cobras representa 62,9% dos resgates feitos pelo Corpo de Bombeiros no período.

Nos quatro meses analisados, 3.567 bichos foram resgatados por bombeiros nos municípios cearenses. Considerando os números de janeiro, 4.383 animais foram resgatados, mas não há detalhamento das espécies recolhidas no primeiro mês do ano.

“Nós sabemos que, com o aumento da incidência das chuvas, esses animais podem aparecer mais em residências, principalmente, próximas aos mananciais e à mata”, explica o capitão Gerdean Alves.

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Só em maio, mês com maior número de captura de cobras, foram 628 bichos do tipo resgatados. Comandante da 1ª Companhia de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, Gerdean frisa a relevância dos cuidados para evitar o contato com esses animais.

“Apesar da gente capturar cobras o ano todo, percebemos que nesse primeiro semestre aumenta consideravelmente devido à chuva”, frisa.

Os principais locais são em residências, até porque as pessoas ficam temerosas por ser um animal silvestre. Geralmente, próximos à mata. As cobras ficam mais nos caibros das residências e, em algumas casas que tem aves e animais de pequeno porte, ficam no quintal
Capitão Gerdean Alves
Comandante da 1ª companhia de busca e salvamento do Corpo de Bombeiros

A bióloga Castiele Holanda Bezerra, bióloga, membro do Núcleo Regional de Ofiologia (Nurof) da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que as cobras podem aparecer em qualquer tipo de ambiente natural. Elas também podem ficar escondidas em entulhos e acúmulos de lixos.

“Jibóias (podem ser encontradas) dentro do motor de carro, porque está aquecido e as serpentes buscam ambientes mais quentes, principalmente em dias chuvosos. Acabam indo para esse refúgio”, acrescenta.

São dois destinos possíveis para os animais resgatados por bombeiros: soltura na mata ou envio para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)

“Geralmente, quando esse animal faz parte da nossa fauna, a gente vai em alguns locais da Capital e do Estado para deixá-los na vegetação. Quando é um animal silvestre e não sabemos o local apropriado, levamos para o Ibama”, detalha.

Espécies de cobras no Ceará

Existem 71 espécies de serpentes catalogadas pela Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), mas apesar do número expressivo, poucas oferecem risco à saúde humana.

"A gente tem dezenas de espécies, dentre estas, menos de 10 que são peçonhentas: cascavel, jararaca, surucucu e a cobra-coral (verdadeira)”, explica Castiele.

A coral-verdadeira pode ser encontrada em Fortaleza, mas a cascavel e a jararaca são mais vistas na Região Metropolitana e no Interior. Já a surucucu se restringe à Serra de Baturité.
 

“A mais comum mesmo é a jibóia, aqui em Fortaleza principalmente, que também chamam de cobra-de-veado. É um animal mais robusto, mais grosso e musculoso, chama mais atenção por atingir um tamanho maior”, completa. O animal pode chegar a 3 metros de comprimento.

Mas, o que fazer ao encontrar um cobra? Os especialistas não indicam qualquer tipo de contato mesmo que no caso de animais que não ofereçam risco à saúde.

“Se ela tiver em um ambiente natural, numa árvore ou trilha, deixá-la lá mesmo. Em geral, não é preciso retirar, porque quando acabar o movimento vai embora. Se estiver dentro de casa, pode chamar o Corpo de Bombeiros ou a Polícia Ambiental", conclui.

De cassaco a onça

Os agentes resgatam animais, principalmente, em duas situações específicas. “Quando o animal está em risco, dentro de um rio, vala, cerca, tubo… Ou seja, os bombeiros vão para resgatar e entregar para o responsável”, detalha o capitão.

Já o segundo motivo para os resgates está associado quando os animais oferecem risco para o ser humano. “Geralmente, animais silvestres vão estar dentro de uma residência ou local de grande circulação”, completa.

Depois das cobras, os gatos são os principais bichos resgatados pelos agentes. Foram 681 felinos domésticos registrados entre fevereiro e maio. Já os cães totalizaram 137 casos.

Mas a variedade de espécies resgatadas pelos bombeiros envolve vacas, cabras, capivaras, falcão, macacos, papagaio e onça. Confira o balanço:

Animais resgatados por bombeiros entre fevereiro e maio:

  • Bovinos
  • Cabras
  • Cachorro
  • Cágado
  • Capivara
  • Cassaco/Gambá
  • Cavalo
  • Cobra
  • Coruja
  • Falcão
  • Gambá de orelha branca
  • Gato
  • Gavião
  • Guaxinim
  • Iguana
  • Jabuti
  • Jacaré
  • Jumento
  • Macaco
  • Morcego
  • Novilho
  • Onça
  • Papagaio
  • Pombo
  • Porco espinho/Coendou:
  • Quati
  • Rato
  • Raposa
  • Sagui
  • Tamanduá-mirim
  • Tartaruga
  • Teiú/tejo
  • Vaca
  • Urubu