O governador Elmano de Freitas (PT) entregou, na noite desta sexta-feira (3), em Fortaleza, a Medalha da Abolição. Neste ano, a comenda foi dedicada a cinco personalidades e uma instituição: o ministro da Educação e ex-governador cearense, Camilo Santana (PT), o cineasta Luiz Carlos Barreto, o escritor e jornalista Lira Neto, o bispo emérito de Limoeiro do Norte, Dom Edmilson Cruz, a empresária e residente da Cerbrás, Ana Lúcia Bastos Mota, e a Congregação Franciscana de Canindé.
A medalha é um reconhecimento às contribuições prestadas pelos homenageados ao Ceará nas áreas política, econômica, social, cultural e religiosa.
A cerimônia de entrega da comenda ocorreu no Palácio da Abolição. Apenas o cineasta e produtor Luiz Carlos Barreto não esteve presente, por ainda estar se recuperando, em sua residência, no Rio de Janeiro, de uma cirurgia feita após um acidente doméstico.
"A Medalha da Abolição é dada de fato a pessoas que têm um trabalho muito consistente e muito relevante para a sociedade cearense. Quem sabe a história do nosso ministro Camilo Santana, Dom Edmilson Cruz, Ana Lúcia Bastos Mota, Lira Neto, a Congregação Franciscana de Canindé, sabe o trabalho importante que essa entidade e essas personalidades realizaram e realizam em prol do povo cearense e do Estado do Ceará", destacou o governador Elmano de Freitas.
"Divido essa homenagem com o povo cearense, que foi tão generoso comigo ao longo do período que me deu a oportunidade de ser deputado, governador, senador. É uma honra receber essa homenagem e realmente aumenta a responsabilidade de continuar trabalhando pelo meu estado”, evidenciou Camilo Santana.
Saiba quem foram os homenageados de 2024
Camilo Santana
Camilo Santana, 55, é formado em Engenharia Agrônoma pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde também conquistou o título de mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Ele iniciou a carreira como servidor público federal e governou o Ceará por dois mandatos, entre 2014 e 2022. Depois de encerrada a sua gestão à frente do Estado, foi eleito senador e nomeado ministro da Educação da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assumiu o terceiro mandato como Presidente da República.
Nascido no Crato, no Cariri cearense, é filho do ex-deputado Eudoro Santana e da assistente social Ermengarda Santana. Também é casado com a titular da Secretaria da Proteção Social, Onélia Santana, e tem três filhos: Luísa, Pedro e José.
Luiz Carlos Barreto
O cineasta cearense Luiz Carlos Barreto Borges, 96, tem mais de 60 anos dedicados só à produção cinematográfica. Radicado no Rio de Janeiro, ele é casado com a produtora Lucy Barreto, 91, e tem três filhos: Fábio, falecido em 2019, Bruno e Paula — todos cineastas. Luiz e Lucy, inclusive, fundaram uma produtora de cinema em 1963, que acumula mais de 100 produções em seu catálogo, entre longas, curtas e seriados.
Nasceu em Sobral, no Interior do Ceará. Quando morou em Fortaleza, estudou no Liceu do Ceará e no Colégio Castelo Branco. Sua carreira profissional começou com um trabalho como revisor de texto em um jornal do Partido Comunista, o Democrata. Depois, ele se mudou para o Rio de Janeiro, e trabalhou, primeiro, como repórter, nas revistas 'Cigarra' e 'O Cruzeiro', e, depois, como fotógrafo.
No cinema, suas produções mais conhecidas são os clássicos 'Dona Flor e Seus Dois Maridos' (1976), dirigido por Bruno Barreto; 'Bye, Bye, Brasil' (1980), de Cacá Diegues, e os indicados ao Oscar de melhor produção estrangeira: 'O Quatrilho' (1995), dirigido por Fábio Barreto, e 'O Que é Isso, Companheiro?' (1997), de Bruno Barreto.
Lira Neto
Jornalista e escritor cearense, Lira Neto, 60, nasceu em Fortaleza, em 1963. Ele é formado pela UFC, mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutorando em Discursos: Cultura, História e Sociedade, pela Universidade de Coimbra, em Portugal.
Conhecido por sua carreira como biógrafo, é casado com a jornalista Adriana Negreiros e coleciona prêmios por todo o País. Ele já ganhou quatro vezes o Jabuti — mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) — e uma vez o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2014.
Dentre as obras mais conhecidas do autor cearense, estão 'Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão' (2009), a trilogia 'Getúlio' (2012-2014), 'Uma História do Samba: as origens' (2017), 'Castello: a marcha para a ditadura' (2004), e várias outras.
Atualmente, Lira Neto compõe o quadro de colunistas do Diário do Nordeste.
"Eu já estou há 25 anos fora do Ceará e, como eu sempre digo, eu saí do Ceará, mas o Ceará nunca saiu de mim. Então, é uma honra e um privilégio receber a principal comenda da minha terra, da minha gente e do meu povo”, enfatizou o escritor.
Dom Edmilson Cruz
Dom Edmilson Cruz nasceu em Acaraú, no Litoral Norte do Ceará, e está prestes a completar 100 anos. Ele é o bispo mais idoso do Brasil. Sua ordenação presbiteral foi em dezembro de 1948, em Sobral. À época, ele escolheu como lema a frase em latim: "Verbum caro factum", que, traduzido para o português, significa: "O verbo se fez carne".
O religioso se tornou bispo também em Sobral e atuou como bispo auxiliar de São Luís, no Maranhão, entre 1966 e 1974. Depois, foi vigário episcopal da Forania do Brejo, no Maranhão, e, no Ceará, bispo auxiliar de Fortaleza, entre 1974 e 1994, e bispo de Limoeiro do Norte, entre 1994 e 1998. Além disso, foi professor e gestor em instituições religiosas e publicou diversos livros.
Ana Lúcia Bastos Mota
Ana Lúcia Bastos Mota, 78, é presidente da Cerbrás, uma das principais indústrias de porcelanato e cerâmica do Brasil. Ela é geógrafa formada pela UFC e começou a carreira profissional como vendedora na TeleCeará, antes de ajudar o marido, José Tarcísio Mota de Sá, a fundar a Cerbrás, em 1990.
José Tarcísio faleceu de um ataque cardíaco fulminante em 1994, pouco tempo após a fundação da Cerbrás, quando a fábrica tinha apenas 80 colaboradores. Diante disso, mesmo sem experiência suficiente na área, Ana Lúcia teve de tocar sozinha o negócio, mas fez com que a empresa não apenas sobrevivesse, como, também, prosperasse.
Hoje, a Cerbrás tem mais de 1,2 mil colaboradores, uma produção anual de 48.000.000 m², e exporta para mais de 30 países.
"Eu fiquei muito feliz, não só eu como meus filhos, nós trabalhamos juntos. Para nós é uma honra, um reconhecimento muito importante", frisou Ana Lúcia Bastos Mota.
Congregação Franciscana de Canindé
A Congregação Franciscana do Convento de Canindé é uma instituição dedicada ao trabalho social, que acolhe romeiros e fiéis de todos os lugares. Ela está presente na cidade desde 1923 e é considerada um importante pilar do turismo religioso no Ceará.
"Um momento como esse é também para a gente se confraternizar, agradecer por esse trabalho não só de todos os frades que passaram ao longo da história, mas também aos inúmeros colaboradores de Canindé. Esta medalha também é para cada família canindeense, que junto com os frades ao longo da história procuraram dar o melhor para servir aos romeiros e a todos aqueles e aquelas que vem a cada ano a Canindé", salientou Frei Rogério, representante da Congregação Franciscana.
Homenageados em últimas edições
No ano passado, a Medalha da Abolição foi entregue a personalidades como Eudoro Santana, Dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, Kátia Magalhães Arruda e Vilmar Ferreira.
Já em 2022, receberam a honraria oito pessoas e uma iniciativa: Maria do Perpétuo Socorro França Pinto, Espedito Seleiro, Maria Nailde Pinheiro Nogueira, Tom Cavalcante, Preto Zezé, Amandinha, Cid Ferreira Gomes, José Ricardo Montenegro Cavalcante e o Capacete Elmo — criado para tratar pacientes com Covid-19 no auge da pandemia.
Origem da Medalha da Abolição
A Medalha da Abolição é alusiva à Data Magna do Ceará. Em 25 de março de 1884, o jangadeiro Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde (ou Dragão do Mar), mobilizou colegas a se insurgirem contra o transporte de escravizados para o Sul do País.
O feito do jangadeiro fez com que o Ceará se tornasse o primeiro estado brasileiro a abolir o tráfico escravagista.