Os casos de pneumonia mais do que dobraram, entre outubro do último ano e este março, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza em meio ao aumento da circulação de vírus no período chuvoso. Febre intensa e persistente, além de dificuldade para respirar, estão entre os sinais de alerta.
Os registros subiram de 1.101, há seis meses, para 2.563 pacientes atendidos por causa da pneumonia: aumento de 132% no período. Os dados são da plataforma IntegraSUS da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
A doença chegou no nível mais extremo para 2.283 cearenses que perderam a vida nos três primeiros meses deste ano devido a esse tipo de inflamação nos pulmões.
Esse registro é menor do que o igual período do ano passado, quando foram 2.567, mas superior aos trimestres de 2019 a 2021. As mortes por pneumonia são monitoradas pelo Portal da Transparência do Registro Civil consultados pelo Diário do Nordeste.
Os pacientes mais comuns em atendimento nas UPAs são bebês e crianças de até quatro anos ou idosos com mais de 80 anos. Esse público, inclusive, é o mais vulnerável às formas graves, conforme Vanuza Chagas, pediatra e diretora de clínica de vacinação.
“Há um aumento das complicações e da incidência em menores de 5 anos e dos idosos, o pneumococo, que é a principal bactéria, e se instala mais fácil e nós vemos o maior número de internações e complicações até com necessidade de UTI”, ressalta.
Essa doença inflamatória pode ser causada por vírus, bactérias e fungos ou em reações alérgicas. Em geral, a transmissão da pneumonia acontece pelo ar, saliva e pelo contato com secreções.
Na quadra chuvosa cearense, entre os meses de fevereiro e maio, há uma circulação mais intensa de vírus. As infecções podem deixar a “janela aberta”, como explica a pediatra. Isso porque as defesas do organismo enfraquecem e um quadro de pneumonia pode se instalar.
“O que está acontecendo também é que nesse período da pandemia estamos vendo a queda das medidas de prevenção”, acrescenta. Além da higienização das mãos, quem está doente deve usar máscaras adequadas para conter a transmissão.
Outra vulnerabilidade à pneumonia acontece com as mudanças repentinas de temperatura que podem fragilizar a proteção dos cílios que filtram o ar e deixam o organismo mais exposto aos agentes causadores da doença.
Tratamento da doença
As pneumonias são tratadas com uso de antibióticos e a melhora do quadro acontece, em geral, entre três e quatro dias. Os pacientes idosos ou em situação mais delicada – como prejuízo no funcionamento dos rins ou baixa oxigenação – é necessário internamento.
Os sintomas da doença são febre alta, secreção e fraqueza, como indicam a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde (MS). Conheça os sintomas:
- Tosse com secreção (pode haver sangue misturado)
- Secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada
- Febre alta (que pode chegar a 40°C)
- Calafrios
- Falta de ar ou dor torácica durante a respiração
- Alterações da pressão arterial
- Confusão mental
- Mal-estar generalizado
- Fraqueza
Fumar e beber exageradamente estão entre os hábitos de risco apontados pelo MS. Um cuidado na rotina deve ser com a manutenção e limpeza do ar-condicionado para manter a saúde respiratória.
Para evitar a doença, existem vacinas disponíveis, como a Pneumocócica 23. E as vacinas contra outros vírus respiratórios, como influenza e coronavírus, também ajudam a evitar a pneumonia.
“Crianças e idosos que têm acesso, inclusive, na rede pública e na rede privada, que são excelentes instrumentos para evitar comprometimentos”, contextualiza Vanuza.
Quando buscar ajuda?
Os pacientes de grupos vulneráveis ou que apresentem um quadro mais intenso devem procurar uma avaliação médica para evitar as complicações que exigem tratamentos invasivos ou que possam causar o óbito.
Mas quais são os sinais de alerta? “Sempre ficar atento a persistência da febre acima de 38,5 ºC por mais de 72h e o cansaço respiratório. Nas crianças, olhando para a barriguinha, a gente vê subindo e descendo muito rápido”, explica Vanuza Chagas.
Nesses casos, é comum ver o paciente negar a alimentação e ter dificuldades para fazer atividades cotidianas. Para evitar isso, a especialista recomenda alimentação equilibrada com frutas, verduras e legumes, além de variar as proteínas, como carnes e peixes.
“Evitar alimentos saturados, gordurosos e açúcar, fazer atividades físicas e dormir bem, ingestão de água e a higienização nasal também ajudam. As pessoas que estão doentes, além de evitar sair de casa, têm essa etiqueta de não tossir em cima de outros”, frisa.