Bicicletas elétricas e crédito de carbono: mudanças no Bicicletar de Fortaleza vão custar R$ 42 mi

Equipamento deve ganhar mais 300 estações

A Prefeitura de Fortaleza publicou um edital, nesta quarta-feira (10), para contratação de empresa que faça a instalação de 300 estações de bicicletas compartilhadas, implantação de câmeras de segurança e oferta de, pelo menos, 100 bikes elétricas. Para ampliação do Bicicletar, será investido um valor estimado em R$ 42,8 milhões. Entre as alterações previstas, está a disponibilização de modais elétricos e a monetização dos créditos de carbono.

Os detalhes foram definidos no Portal de Compras de Fortaleza e o recebimento das propostas começa no dia 31 de outubro. Quando definida, a empresa terá 10 meses para concluir a ampliação de toda a estrutura. No momento, são 193 pontos distribuídos pela cidade.

As primeiras 200 estações do sistema, inclusive, devem ficar disponíveis para a população em até 3 meses após a assinatura da ordem de serviço. A ideia é levar as estruturas para áreas mais afastadas do Centro da cidade, onde ainda não há o serviço.

"Na segunda-feira (9), inauguramos uma estação na Vital Brasil e a gente vem fazendo essa tentativa de capilarizar cada vez mais o sistema e a rede", explica a coordenadora de Mobilidade Urbana da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) Isabela Castro em entrevista ao Diário do Nordeste.

Ao todo, a Prefeitura será responsável pelo recurso de 220 estações e 80 serão financiadas por patrocinadores. Essa contratação acontece no contexto do lançamento do programa "Pedala Mais Fortaleza", que pretende aumentar de 235 mil para 470 mil o número de pessoas que fazem deslocamentos diários de bicicleta na capital cearense.

Isabela Castro ressalta que a ampliação acontece com a inclusão de dispositivos tecnológicos. "Dispositivos para capturar trepidação, luminosidade, umidade, velocidade, características do deslocamento do ciclista que nos interessa muito enquanto pessoas que estão planejando a cidade", detalha.

Bicicleta elétrica, câmeras e crédito de carbono

São apresentadas diversas inovações tecnológicas no edital para ampliação do Bicicletar em Fortaleza, dentre elas a disponibilização de, pelo menos, 100 bicicletas elétricas distribuídas pela cidade.

As bicicletas elétricas devem possuir um motor auxiliar, com potência máxima de 1.000 watts, com um sistema no qual o motor funciona apenas quando o condutor pedale – ou seja, é um pedal assistido. Não há nenhum tipo de acelerador, por exemplo. Essas bikes com motor não devem ultrapassar a velocidade de 32 km/h.

O nível de carga da bateria de cada bicicleta deverá ficar disponível para visualização pelo usuário, no aplicativo móvel, além de ser continuamente monitorado, por meio do sistema de gestão e administração. As bikes elétricas devem ser incorporadas ainda no primeiro semestre de execução.

Também serão instaladas câmeras de segurança nas estações do Bicicletar e as imagens ficarão sob controle da Central de Gestão Integrada de Videomonitoramento de Fortaleza (CGVIFor). Serão usados dois tipos de câmeras.

"Tem um tipo de câmera que consegue fazer a diferenciação entre os diferentes tipos de usuários, em tempo real, de forma automatizada. Então, o sistema vai ficar muito mais robusto", detalha Isabela.

Em 5% das estações, que não foram especificadas no edital, as câmeras serão adequadas aos espaços onde são identificados maiores índices de vandalismo, roubo/furto de bicicletas com transmissão em tempo real das imagens. Todas as estações precisam ter alarme sonoro, com acionamento remoto pela Central de Monitoramento em caso de vandalismo.

Outra novidade que deve compor o sistema de bicicletas compartilhadas é a adequação aos requisitos necessários para possibilitar a monetização dos créditos de carbono oriundos das viagens feitas pelo Bicicletar.

Isso significa que há a possibilidade de, no futuro, o crédito de carbono – uma certificação sobre a redução ou ausência de emissão de gases poluentes – possa ser usado para financiar o sistema.

Por isso, a empresa que deve fazer a gestão das bicicletas pode ser convocada para instalar dispositivos que possibilitem a captura, em tempo real, de dados relevantes, a exemplo de velocidade, trepidação, luminosidade, qualidade do ar, geolocalização por satélite, dentre outros.

Bicicletar

O sistema de bicicletas compartilhadas de Fortaleza Bicicletar foi inaugurado em dezembro de 2014 com 40 estações. No momento, são 193 pontos distribuídos pela cidade cobrindo a região central da cidade e outras áreas de alta densidade residencial e de comércios.

O sistema já atingiu mais de 6 milhões de viagens e 400 mil usuários cadastrados até o momento, constituindo um dos sistemas mais utilizados do Brasil.

O Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), dentre as diretrizes, estabelece que uma malha cicloviária de 524 km para Fortaleza, devendo esta ser implantada até 2030, com metas intermediárias para 2020 e 2025.

No início de 2013, Fortaleza possuía 68,8 km de malha cicloviária e, ao final de 2022, esse número passou para 419,2 km. A meta do Plano Cicloviário para 2020 era de chegar a 236 km de malha cicloviária, a qual foi ultrapassada ainda em 2018.