Por que estamos vazios? Por que, se interagimos o tempo inteiro nas redes sociais? Hoje, não estamos mais sós, mas estamos inteiramente vazios. Parece que nunca houve um momento tão conectado e, ao mesmo tempo, tão sem sentido.
Nos últimos 40 anos, a internet que conhecemos nasceu, cresceu e hoje é praticamente uma necessidade básica. Nesse mesmo tempo, o índice de suicídios no mundo aumentou cerca de 60%, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). James Hillman, estudioso da psicologia arquetípica, aponta que o vazio, o "estar sem sentido", é um dos fatores que influenciam no suicídio.
Dietmar Kamper sempre nos falou sobre como o mundo está em um processo de "Ocidentação", ao invés de "Orientação". Ao nos orientar, seguimos a luz do sol (o Oriente é a terra do sol nascente). Ao nos ocidentar, estamos correndo atrás de um sol que já se pôs. Estamos na escuridão. Precisamos e buscamos as luzes dos aparelhos, porém sem sentido, sem direção certa, já que apontam para diversas direções.
O "vazio" do mundo oriental é diferente do "vazio" ocidental. No oriente, o kanji para "vazio" é a mistura dos kanjis "sol" e "porta". Deixar a porta aberta para o sol entrar. É buscar o sol dentro de si. Por isso, o mundo ocidental tem uma dificuldade imensa de entender o "vazio" da meditação oriental.
Se estamos na "Ocidentação", procuramos as luzes fora de nós, nos aparelhos eletrônicos. Nesse processo, parece que a verdade não está mais dentro, mas fora, na mídia. Interagimos nas redes para tapar buracos sociais; consumimos para tapar buracos emocionais; buscamos sempre tapar os buracos de dentro da alma com algo de fora dela. No fim, obviamente, nada funciona. Esquecer o que está dentro de nós é cair na imensidão do vazio ocidental.