Consumir jornalismo em formato digital, ao menos passando os olhos pelas manchetes que chegam a todo momento, é um hábito que veio para ficar. Isso não significa, no entanto, que o velho e bom papel vá, um dia, desaparecer por completo. Ainda mais se pensarmos na construção de um leitor – mais especificamente, do futuro leitor de notícias.
Depois de ter percorrido mais de dez anos pelo jornalismo infantojuvenil, cada vez mais vejo quanto o papel segue sendo fundamental para as crianças. A fascinação que elas têm por games e vídeos em seus tablets e celulares passa longe da relação com a informação. Quando se trata da leitura dos fatos, o contato real com um jornal dá outra dimensão para o que está escrito.
O jovem leitor, em processo de formação para o consumo consciente de notícias, ao receber uma publicação “à moda antiga”, feita exclusivamente para ele e em linguagem acessível (porém não infantilizada), se vê diante de algo palpável, produzido com o principal intuito de viver este exato momento: chegar às mãos de uma criança e ajudá-la a compreender a sociedade, colaborando para sua percepção de cidadania e formação de senso crítico.
Logo surge um laço de pertencimento, tanto em relação ao espaço habitado e, agora, mais bem entendido – por meio de notícias sobre o país onde a criança vive ou o planeta habitado por todos –, quanto pela conexão estabelecida no contato com o meio físico. Não é raro que esse processo gere vínculos bastante reais com o produto jornalístico – como guardar as edições preferidas, quase como um pequeno tesouro a ser preservado com todo o cuidado.
Por um consumo mais saudável de notícias em formato digital no futuro, convido você a preservar, no presente, o companheiro que ensinou, a tantas gerações, o que é jornalismo: o papel.