'Comércio tem que falar a língua do consumidor'

O aumento da confiança do consumidor e dos empresários varejistas já aponta para a recuperação do setor

Escrito por Redação ,
Legenda: Para Severino Neto, o varejo precisa estar atento às mudanças e se posicionar de forma diferenciada em relação aos problemas que surgiram com a crise econômica, implementando as devidas mudanças
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Como você analisa o atual momento de dificuldade econômica pelo qual o varejo nacional está passando?

De 2004 a 2014, nós tivemos uma grande evolução no varejo, com números crescentes, um ano superando o outro. Foi a principal década do setor, em qualidade, que há muito tempo não se via. Em todos os segmentos, em virtude do aumento do poder aquisitivo da população, só tivemos notícias boas. No contraponto, nos últimos dois anos, em 2015 e 2016, observamos exatamente o oposto. A gente torcia para que esse processo de redenção começasse, mais ainda não aconteceu. Porém, o setor já começa a ver uma luz no fim do túnel com a melhora no índice de confiança do consumidor e do próprio empresário.

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Qual o significado deste momento para o setor?

Não acredito naquelas operações só voltadas para a crise. Porém, a crise acaba acelerando as mudanças e favorece o cenário, que muitas vezes, por comodismo, ao longo desses dez anos de ouro para o varejo, não fizemos as mudanças necessárias. Quem fez está enfrentando o momento atual bem melhor do que quem não fez. O momento é favorável para que se acelere as mudanças, porque todos os brasileiros estão precisando delas. É necessário se posicionar de forma diferenciada em relação aos problemas e implementar as devidas mudanças.

Podemos ter esperança de uma reversão no quadro ainda neste ano ou só em 2017?

O varejo não tem que esperar que o quadro econômico se reverta, o setor é muito ágil nas suas ações. Digo que, no Ceará, quase não chove. Mas na hora que chover, vai ter alguém vendendo guarda-chuva no semáforo. Assim é o varejo. Ele tem que se adaptar e falar a linguagem do consumidor e, muitas vezes, a prioridade é o bolso e o quanto o cliente está disposto a gastar. Se o bolso do consumidor está mais curto, temos que vender produtos mais baratos.

Quais são as principais soluções que o varejo adotou? Existe uma receita específica para diferentes segmentos?

Temos três pontos que acho fundamental. O primeiro é olhar para o cliente, conhecê-lo e atender suas necessidades e expectativas, que, muitas vezes, nem ele sabe que tem. Segundo, olhar para dentro da empresa e quebrar os paradigmas, pois o que nos trouxe até aqui não nos levará, necessariamente, para o futuro. A gente precisa olhar muito para dentro da nossa empresa. E o terceiro é olhar para o que está acontecendo no mundo.

Como os investimentos públicos, em especial na área de infraestrutura urbana, podem beneficiar o setor?

Em Fortaleza, tivemos nos últimos anos uma grande mudança na mobilidade urbana, grandes corredores para ônibus e bicicleta. Isso mexe com varejo e, consequentemente, com o posicionamento do setor. Temos que ver o que é sustentável hoje. É preciso olhar para tudo isso e se adaptar a um novo mercado, um novo consumidor que presta atenção a uma série de mudanças. Essa sintonia é importante para quem está pensando no futuro.

Atualmente, as novas tecnologias são essenciais para o varejo?

A tecnologia não é tudo, mas é 100%. A cada dia, ela muda o varejo e, principalmente, o consumidor. Não se pode andar mais sem ter a tecnologia como importante aliada, isso tem que estar dentro da empresa, sendo sempre prioridade nos investimentos. Ela faz parte do nosso dia a dia. Quem disser "agora eu vou investir em tecnologia, o agora já é tarde". Devemos estar respirando tecnologia.

De que forma a CDL de Fortaleza apoia os varejistas para encontrar soluções?

Essa receita não é de hoje e nem é para crise. Atualmente, a CDL promove encontros empresarias que já tiveram nomes como Pio Rodrigues, Ivens Dias Branco, Tasso Jereissati, Pedro Lima, Ednilton Soárez, Deusmar Queirós, cada uma falando da sua atividade, dos desafios, das superações. É fantástico ver e ouvir o testemunho de empresários que fizeram e fazem a diferença. É uma verdadeira aula de varejo e empreendedorismo.

Essas experiências, tanto positivas quanto negativas, ajudam na realidade dos lojistas?

A intenção é essa, trazer as experiências vividas através de exemplos vividos. Também temos a Faculdade CDL, voltada para formar os varejistas e dar exemplos positivos e negativos. A CDL, junto com a faculdade e a CDL Jovem, incentiva muito o estudo de experiências positivas. O papel dela é que, cada vez menos, tenhamos exemplos negativos no varejo cearense. Busca exatamente trabalhar e qualificar o executivo do varejo.

Quais as dicas para auxiliar o varejo a superar as dificuldades?

Muita barriga no balcão, prestar atenção naquilo que o cliente fala e como ele se comporta. É trabalhar, conversar com o cliente e perceber as mudanças no mundo. É algo que parece simples, mas demanda muita disposição.

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