Weverton da Silva, escritor, músico e compositor do Crato, morre aos 30 anos

Artista faleceu nesta quarta-feira (3) devido a uma parada cardíaca; legado abraça contribuições ao rock e à produções literárias alternativas

Importante nome da nova geração de artistas cearenses, Weverton da Silva faleceu na madrugada desta quarta-feira (3) devido a uma parada cardíaca, conforme informações de amigos. Nascido no Crato, ele era escritor, músico e compositor, tendo deixado grande contribuição em diferentes linguagens, sobretudo no rock e na produção literária alternativa.

O universo criativo de Weverton transita sobretudo pelo underground, abraçando do punk rock à produção de fanzines. A atuação do artista também abarcava a Educação. Foi professor, graduado em História pela Universidade Regional do Cariri (Urca) e mestre em Letras pela mesma instituição. A trajetória acadêmica primou pela pesquisa de encontros entre a História e a literatura nordestina.

Organização política e cultural da Comunidade do Gesso, no Crato, o Coletivo Camaradas publicou um texto em reverência à Weverton nas redes sociais.

"O camarada Weverton da Silva viajou, nunca mais volta, mas deixou uma carta escrita com suas ações. É um recado de vida para que ele não seja esquecido e que suas sementes continuem brotando coletivamente, nos movimentos artísticos e literários de uma região que sobrevive e resiste para além das tradições populares. Weverton era uma resenha da sua mocidade, homem coletivo", frisou.

Além disso, sublinharam o fato de o cearense ser negro, rockeiro, escritor, professor, idealizador do movimento Kaverada, integrante da revista Satirika e da militância do Camaradas. "Está pulsando, pulando, criando movimento, está no meio de nós, tocando fogo nos palcos, ocupando as garagens, escrevendo acidez, articulando a próxima kaverada e deixando seus contos na Satirika".

Vontade de subverter

O perfil do já citado coletivo Satirika também expressou pesar pela partida de Weverton. Na publicação, algumas das contribuições do escritor, distribuídas em diversos contos e nas participações que fez na escrita das obras "Grave Amor" (2018) e "O Evangelho segundo Barrabás" (2019).

"O nosso Coletivo deve muito ao Weverton, que muito contribuiu, com sua inquietude e vontade de subverter todas as convenções, com nossa identidade lá no início do projeto".

O escritor e bibliotecário Jorge Nogueira, amigo do cratense, compartilha a tristeza de ter acordado hoje sabendo da partida do colega. Ele recorda o início da parceria entre os dois, fruto de interesses em comum.

"A gente se conheceu ano passado após sermos contemplados no edital de Incentivo às Artes, da Secult-CE. Eu fui para o lançamento do livro dele, 'Rastejos', e ele foi pro meu. E nisso ficamos amigos, conversamos muito sobre a nossa paixão em comum, os livros, sobre fanzines e rock", conta.

"Descobri que ele era um cara bem atuante como artista aqui na região do Cariri. Fiquei sem acreditar quando soube da notícia da morte dele e comecei a me perguntar o que fica. Penso que o trabalho do Weverton está aí para quem quiser conhecer um pouco desse cara incrível que eu conheci. E as lembranças que nós, amigos e familiares temos dele, o amor e o carinho, permanecem. Ficam".