“É difícil definir uma cidade”, confessa Vanessa da Mata às vésperas de aterrissar em Fortaleza. Está animada. Neste sábado (13), sobe ao palco no Aterrinho da Praia de Iracema para cantar o aniversário da Capital. “Minha energia é a melhor possível, tenho certeza que vamos ter um dia muito especial para celebrar essa terra que tanto amo”.
A apresentação tem tudo para ser, de fato, memorável. Principalmente porque se conecta a lembranças. Vanessa recorda de, ainda no início da carreira, se espantar com o carinho dos fortalezenses e de como sabiam cantar todas as músicas dela. O que começou como algo “muito gostoso”, ganhou tentáculos e floresceu. Virou bem-querer.
“Chego muito feliz com a minha caminhada e o rumo que minha carreira levou. Estou divulgando ‘Vem Doce’, um álbum autoral produzido por mim e que está sendo bem recebido pelo público, o que para um artista é maravilhoso”, contextualiza ao Verso, citando o projeto mais recente. Alvo de escuta atenta, o disco realmente é um deleite.
Nele, a matogrossense explora um lado mais cronista da própria personalidade. Fala de situações cotidianas, como em “Vizinha Enjoada” e “A Amiga Fofoqueira”. Mas também de assuntos mais sérios, como em “Foice”. No fim das contas, é trilha puramente amorosa – não à toa, “Vem Doce”, a faixa, intitula e dá tom ao trabalho.
“Para o show, busquei inspiração nos modernistas porque entendi que poderiam ajudar a costurar melhor o desenrolar das minhas apresentações. É sempre importante olhar pro passado para imaginar o futuro. A Vanessa desse projeto é uma mulher livre, que canta, escreve e produz seus próprios trabalhos e quer dividir sua arte com o mundo”.
Para cantar junto
Isso não impedirá que sucessos de outras épocas preencham o tablado. Da Mata garante que “Ai Ai Ai…”, “Amado” e “Não Me Deixe Só” – além de, quem sabe, “alguma surpresinha” – não fugirão do repertório. Pelo contrário: devem protagonizar alguns dos melhores momentos do show ao terem força para convocar todo mundo a cantar junto.
O destaque, contudo, vai mesmo para “Vem Doce”. Idealizado para festejar as duas décadas de carreira da cantora, o álbum está sendo indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. O show derivado dele é puramente especial. Dividido em três atos, tem direção assinada por Jorge Farjalla e mergulha em revisitas.
Vanessa transita do pessoal ao musical atestando que ambos não conseguem se dissociar: são parte dela. E primam por cenários diferentes. Cada um é inspirado por grandes nomes do modernismo brasileiro, a exemplo de Oswald de Andrade, Lina Bo Bardi, Hélio Eichbauer, entre outros. Ao longo de 13 faixas, fazem a alegria rumar para a frente.
Outro detalhe é o fato de contemplar diferentes gêneros e parcerias. João Gomes, por exemplo, engata com ela “Comentário A Respeito de John”, regravação de Belchior. Marcelo Camelo, L7NNON e Ana Carolina dividem outras. Multi-talentosa, Vanessa atua como compositora, arranjadora, produtora e intérprete. E deseja mais.
“No momento, quero continuar com a turnê de ‘Vem Doce’ pelo Brasil. Em maio, embarco para uma Eurotour em que passo por diversas cidades, o que é muito especial para mim. Depois vou pensar melhor como vamos seguir para além dos shows. Espero voltar o quanto antes para Fortaleza”, torce.
Festejar Fortaleza
Além da artista, o aniversário de 298 anos de Fortaleza será comemorado com apresentações de Preta Gil e da banda Essas Mulheres. A festa está marcada para começar às 18h, organizada e realizada pela Prefeitura.
Antes disso, a programação comemorativa teve ainda, no último dia 11, a entrega da Medalha Iracema, considerada a maior honraria municipal. A solenidade aconteceu no Teatro São José e homenageou o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Teodoro Silva Santos; a empresária Maria Consuelo Leão Dias Branco; o arquiteto, compositor e poeta Fausto Nilo Costa Júnior; e a bailarina e diretora geral do Instituto Katiana Pena, Katiana Pena Morais.