Difundir, circular e visibilizar a moda feita por pessoas negras, indígenas e periféricas a partir dos contextos cearenses. É com este norte que começa nesta quinta-feira (20) a Semana de Moda Monegrin - Moda Negra, Indígena e Periférica. O evento gratuito segue até o domingo (23), no Centro de Design do Ceará, dentro do Complexo Cultural Estação das Artes, com desfile, feiras, formações e rodas de conversa.
“A ideia sempre foi pensar uma moda em que coubessem todas as pessoas”, define Tea Marcelo, coordenadora do evento. Ela contextualiza que a primeira semente do projeto surgiu ainda em 2022.
“Ela vem sendo aperfeiçoada e aprimorada no lugar de criar um espaço que descentralize e mostre outras perspectivas para além do tradicional, mostre que a moda e nossos corpos são diversos”, aponta.
Inicialmente, a ideia era promover um evento pontual que já trouxesse um olhar inclusivo, com debates de raça, gênero e classe, para a moda. Os debates e as transversalidades de áreas foram alargando o formato, que ficou definido como uma semana de moda no começo de 2024.
São, no total, 37 horas de programação que compõem a semana de moda. “A gente está com quatro dias criando esse espaço, fazendo com que essas pessoas não sejam apenas as cotas, e também disputando a agenda da moda”, aponta.
“O Ceará é um polo industrial da moda, então a gente já está dentro, inserido nesse contexto. Outros eventos acontecem aqui e a Monegrin chega para fazer parte desse calendário, mostrar que a gente pode fazer um evento voltado para a cultura indígena, negra e periférica e mostrar a potência desses artistas e criadores”, celebra a coordenadora.
Seis marcas cearenses participam do desfile especial que ocorre já nesta quinta-feira (20): Rodrigo Tremembé, Mancuda, Edna Tapeba, R Moda Africana, Glória Potyguara e Hust. “Elas trazem na identidade essa pegada de mostrar e se inspirar nas próprias tradições”, resume Tea.
A coordenadora destaca que, apesar dessa ser a primeira edição do evento, a produção de moda negra, indígena e periférica é fruto de uma história pregressa. Por isso, o evento irá buscar homenagear referências do Estado como a estilista Silvania de Deus.
“Não é algo novo, que a gente está criando do zero. É uma continuidade do que os nossos ancestrais pautaram para a gente. A ideia também é festejar por estarmos vivas, lutando e realizando os sonhos dos nossos ancestrais”, segue Tea.
A coordenadora reforça a importância da realização da semana de moda a partir das experiências e produções do Ceará. “É um evento que é feito por profissionais cearenses, tem uma potência de estar sendo feito e pensado a partir do nosso lugar”, defende.
“A Monegrin é um espaço onde as pessoas podem trocar ideias, pensar futuros possíveis na moda e contribuir para um pensamento crítico a partir do Ceará. É muito importante pensar a moda a partir daqui”, avança.
Tea também ressalta que as escolhas que guiaram a formatação do evento se alinham aos pilares do Centro de Design do Ceará: ser decolonial, ecoeficiente, regenerativo e, em especial, político. “Pensar um evento que seja negro, indígena e periférico, antes de tudo, é uma decisão política”, reforça.
Semana de moda Monegrin - Moda Negra, Indígena e Periférica
- Quando: quinta, 20, de 14 às 21 horas; sexta, 21, e sábado, 22, das 10 às 18 horas; e domingo, 23, de 10 às 16 horas
- Onde: Kuya - Centro de Design do Ceará (rua Senador Jaguaribe, 323, Moura Brasil)
- Entrada gratuita.
- Mais informações: @kuyadesignceara
Programação
Quinta, 20
- 15 horas - Cerimônia de abertura - manifesto Monegrin Presença Vida, seguida de cortejo com Maracatu Vozes da África
- 15h30 às 17 horas - Políticas públicas para pessoas indígenas e negras, com Juliana Alves, Yasmin Djalo, Morena Garcia e Cristina Nascimento; mediação de Lilica Cantos
- 16 às 21 horas - Feira Kuya É Monegrin
- 17h30 às 21 horas - Baile Monegrin - Uma Celebração à vida, com DJs Rapha Anacé e Viúva Negra; cerimonialista: Melanie Jô Costa / Desfile Monegrin: Moda pra Todes, com Rodrigo Tremembé, Mancuda, Edna Tapeba, R Moda Africana, Glória Potyguara e Hust; cerimonialista: Melanie Jô Costa
- 18 às 21 horas - Projeção Monegrin
Sexta, 21
- 9 às 13 horas - Formação Traços da Terra: Telhas que Contam Histórias, com Glória Potyguara
- 12 às 19 horas - Feira Kuya de Design Autoral
- 13 às 19 horas - Mostra Monegrin: Moda pra Todes
- 14 às 17 horas - Formação Gambiarras Têxteis: confecção de bolsas e ecobagas com tecido reciclado, com Carll Souza
- 15 às 17 horas - Trajetória Profissional na Moda no Ceará, com Aliciane Barros, Rodrigo Tremembé, Brenda Lobo e Projeto Gira das Yabas; mediação: Pedra Silva
- 16 às 21 horas - Feira Kuya na Estação
- 18 às 21 horas - Projeção Monegrin
Sábado, 22
- 9 às 13 horas - Formação Refugos do Design: Retalhos Criativos, com David Lee
- 10 às 12 horas - Cadência Criativa: amplificando ideias, com Ana Cristina Sousa, Brisa Flow e Liamê Alves; mediação: Gabi Tremembé
- 12 às 19 horas - Feira Kuya de Design Autoral
- 13 às 19 horas - Mostra Monegrin: Moda pra Todes
- 14 às 18 horas - Formação Territórios Criativos: Gênero, Raça e Classe, com Cristiellen Rodrigues e Laila Borges
- 15 às 17 horas - Design no Sul Global: da diáspora à retomada, com Dandara Lima, Dayana Molina e Isa Isaac Silva; mediação: Gabi Tremembé
- 16 às 21 horas - Feira Kuya na Estação
- 18 às 21 horas - Projeção Monegrin
Domingo, 23
- 9 às 13 horas - Formação A potência política do grafismo indígena, com Carlos Tapeba e Samuel Tapeba
- 10 às 15 horas - Mostra Monegrin: Moda pra Todes
- 10 às 16 horas - Feira Kuya na Estação
- 10 às 16 horas - Feira Kuya de Design Autoral
- 13 às 15 horas - Design com ferramenta de transformação social, com Daniel Koda, Suellen Anjos, Maya Rodrigues e Erika Carvalho; mediação: Tea Marcelo