Desde menina, foi na música que ela se agigantava. Vanessa Carvalho começou em casa, com microfone de brinquedo, depois na Igreja e em barzinhos, até chegar ao palco do Férias Na P.I e do Carnaval de Fortaleza, a convite de Getúlio Abelha e do Bloco Mambembe, respectivamente. O talento foi ganhando espaço não só na existência da artista a ponto de usar seu nome artístico como Vanessa A Cantora, como também na cidade que foi abrindo palcos para seu forró das antigas com flerte do pop.
No episódio desta quinta-feira (25) do Que Nem Tu, Vanessa conta sua história e de como precisou enfrentar preconceitos para se tornar a artista que sempre desejou ser. A primeira batalha foi ainda criança, quando duvidaram que ela poderia cantar. "Como eu sempre fui do tipo ‘se você duvidar de mim, eu vou fazer’, ela se dedicou a estudar música e a dominar as técnicas vocais. Cantora!
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Depois, precisou mostrar que era cantora pelo talento e não pelo que seu corpo é. Por ter baixa estatura e ser magrinha, ela conta que sempre era desacreditada por sua aparência.
"Eu percebia muito que a galera tinha um certo preconceito comigo. Eu sou cantora de forró das antigas, chegava no barzinho aquela cantora bem magrinha, bem pouquinha... O pessoal me olhava da cabeça pra baixo. Eu comecei a me trabalhar nisso. Eu não quero subir no palco para mostrar meu corpo. Hoje se eu faço isso não é com essa intenção. Mas antes eu tinha que fazer isso pra chamar atenção pro meu corpo e ninguém me julgar. Eu tenho uma voz, eu tenho talento. As pessoas vão ter que engolir meu talento. Não quero que elas queiram me engolir fisicamente. Elas vão ter que me ouvir. Eu não sou cantora pelo que meu corpo é, mas pelo talento que tenho".
A luta seguinte foi quando ela começou a expor em suas redes sociais seu relacionamento com Ariana Mércia, com quem é casada desde 2023. Vanessa diz que muitos barzinhos onde ela se apresentava começaram a cancelar os shows e até a tratá-la mal. "Alguns locais me deram um chega pra lá. Logo que a gente casou, início de 2023. Eu comecei a me desesperar. O que tá acontecendo? Todo começou a me dizer não".
A esposa chegou a dizer para apagar as postagens com o intuito de reduzir a rejeição e conseguir retomar as apresentações. Mas Vanessa bateu o pé. Para ela, não fazia sentido abrir mão de quem ela é para estar em lugares que não a aceitava. Foi aí, sentindo na pele, que ela também percebeu o quanto o público LGBTQPIAPN+ não podiam estar em muitos espaços do forró. Era preciso abrir esses espaços e foi onde cabiam ela e seu público que ela precisaria estar.
"Eu me orgulho muito quando eu canto e vejo meu público batendo leque. Eu fico tão feliz. Eu adoro ver minhas gays dançando forró, batendo cabelo, rebolando e fazendo aquela misturada toda que só eles podem fazer. Às vezes eu cantava em algum lugar que elas não iam porque não podiam. Meu maior orgulho é cantar esse forró para todes. Elas vão ser quem elas quiserem. Sempre foi meu propósito quando eu escolhi meu público".
Vanessa tem ainda muitos sonhos a realizar. Ela quer ganhar mais espaço na noite cearense. Sonha com o dia em que terá seu show próprio em grandes palcos de festas e festivais. E agora se prepara para também lançar um álbum de músicas autorais. O projeto está com financiamento coletivo aberto e conta com produção do rapper Emiciomar.