Obras do Salão de Abril são transferidas após veto do Centro Cultural Banco do Nordeste

Depois da polêmica envolvendo a instalação "O que pode um casamento (gay)?", nove produções artísticas da mostra serão expostas  a partir da próxima quarta (5) no Centro Cultural Belchior

Nove obras da 70ª edição do Salão de Abril de Artes Visuais foram transferidas do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) para o Centro Cultural Belchior (Praia de Iracema), na manhã desta sexta (31). 

O movimento aconteceu em protesto à retirada da instalação performática "O que pode um casamento (gay)?", assinada pelos artistas Eduardo Bruno e Waldírio de Castro.

Uma faixa integrante da instalação, afixada na frente do prédio do CCBNB, foi retirada por decisão do Banco do Nordeste, na última segunda-feira (27). Em repúdio à ação, os artistas retiraram toda a instalação do espaço e denunciaram o ato nas redes sociais.

A direção do BNB defendeu o veto, alegando que a faixa "descaracterizava" a fachada do prédio do equipamento cultural.

Sobre a transferência das obras hoje, a assessoria de comunicação do órgão se manifestou em nota oficial: "O Centro Cultural Banco do Nordeste Fortaleza lamenta a decisão pela retirada de obras de arte de suas instalações. O equipamento permanece à disposição do público com programação completamente gratuita, de terça-feira a sábado". 

Retirada

Os artistas Eduardo Bruno e Waldírio Castro, autores da obra envolvida na questão, acompanharam a retirada dos demais trabalhos do Salão, nesta sexta (31), e recapitulam a reação à medida do Banco do Nordeste.

"Os outros artistas (do Salão de Abril) perceberam que isso poderia cercear nosso futuro estético, criativo. Então viemos pra fortalecer essa rede de resistência. Não é um ato de censura só contra a nossa poética, mas contra a arte. É não constitucional, de silenciamento", critica Eduardo Bruno.

O artista retoma que "agora, quando a gente veio acompanhar a transferência dos outros trabalhos, eles (a direção do BNB) pintaram e subiram um muro no espaço onde estava a obra. Isso pra mim é muito simbólico. Como pesquisador, me interessa mais as perguntas: Por que esse muro?", questiona. 

Confira a relação das obras transferidas:

- “O que pode um casamento (gay)?” (Instalação – Performática), de Eduardo Bruno e Waldírio Castro;

- “Garotos 2019” (Desenho), de Anderson Morais;

- “Brazil ou Síndrome do pequeno poder” (Instalação), de Johta;

- “Nomes de Abismo” (Videoarte), de Jonas Van Holanda;

- “Cacimbas sem fundo” (desenho) e “Inseguranças” (desenho), de Leo Ferreira;

- “Monstras” (Fotografia), de Lucas Dilacerda;

- “Projeto para fundar um país” (Pintura), de Marina de Botas;

- “Repositório de coisas vivas” (Videoarte), de Matheus Matos;

- “A fonte” (Instalação), de Elsa von Freytag-Loringhoven, Ariel Volkova, Honório Félix, Natália Moura, Sarah Nastroyanni, William Pereira Monte, Yule Bernardo, No barraco da Constância tem!.