'Máscaras', de Oswald Barroso, encerra trilogia sobre teatro popular focando nos adereços faciais

Livro será lançado na sexta-feira (8), no Theatro José de Alencar, trazendo diferentes representações de máscaras em expressões cênicas

Pouco importa se fartamente ornamentadas ou apenas simples tira sobre os olhos: máscaras despertam fascínio independentemente de como são apresentadas. Permitem, de forma única, a experiência do imaginar. Afinal, que feições esconde aquela face às vistas do público? Que pele e cor possui o que está sob a camada? E o mais importante: quais histórias-enigmas abraçam o acessório que é rosto também?

Oswald Barroso sentiu-se imerso nessas questões quando, em 1991, num Festival de Teatros Orientais, sediado na França, deu de cara com diversidade de representações do objeto.

“Vi como o refinamento de teatros como Kabuki, o Butô, o Katakali, entre outros, era obtido por meio das máscaras. Daí, retomei meus estudos sobre o teatro no Brasil a partir dessa referência, e fui encontrar variados tipos, em abundância, nos reisados e outras formas cênicas populares tradicionais”, situa.

Mediante os aprofundamentos, a percepção veio a reboque: por meio daquelas representações, era possível aliar estética e ética, obtendo uma qualidade artística capaz de tocar corações e mentes. Exercício apurado que o pesquisador congrega em novo livro.

“Máscaras - Do Teatro Ritual ao Teatro Brincante” é resultado de pesquisa embasada numa vivência de pelo menos 40 anos nas Artes Cênicas realizada por Oswald, ator, encenador, dramaturgo e diretor.

Representações

A obra será lançada nesta sexta-feira (8), às 18h, no Theatro José de Alencar, encerrando uma trilogia dedicada ao teatro popular – após “Reis do Congo” e “Teatro como encantamento” – e convidando os leitores a percorrer variados tipos de representação das máscaras em expressões cênicas. 

Para isso, Oswald viajou por continentes (América do Sul, Europa e África) e teatros (afro-ameríndios, mouros, entre outros), imergindo especialmente nos brasileiros, suas festas e folguedos, de modo específico naquele de vertente tradicional popular do Nordeste.

Segundo ele, “experimentei de corpo e alma, vivi cada descoberta. Estudei os teatros do mundo para compreender meu próprio teatro. Ou melhor, meu próprio eu, porque as máscaras também são utilizadas pelos bichos, plantas e pelos humanos em sociedade. Daí seu poder de revelação”.

Minúcias

As principais agremiações que o estudioso acompanhou na pesquisa foram o Grupo Independente de Teatro Amador (Grita, de 1975 a 1993), a Cia. De Brincantes Boca Rica (de 1995 a 2005), e o Teatro de Caretas (2006 a 2011). No percurso, foram várias as informações trocadas com multiplicidade de grupos, compartilhando viagens, dados e pesquisas. 

“As maiores contribuições, nesse sentido, ficaram por conta dos Bois, Cavalos Marinhos e Reisados do Nordeste. Por sua vez, a fonte mais rica encontrei no próprio Ceará, percorrendo todos os municípios, um por um”, revela.

O apego com o que visualizou por aqui foi tamanho que a capa do exemplar traz uma máscara do Reisado de Caretas do Sítio Sassaré (Mestre Antônio Luís), no município de Potengi. Os objetos encontrados pelo pesquisador no local figuram entre os mais expressivos, daí a escolha.

“Em todos os casos, a relação da máscara com seu portador se diferencia. Estudei particularmente as linguagens dessa comunicação, de forma especial a artística e teatral”.

Assim, didático sem ser simplista, atravessando desde o diálogo com entidades divinas, típico do teatro ritual, até o jogo entre ator e personagem no teatro brincante, “Máscaras” faz-se plural. Entre outros legados, ajuda o sujeito ator a fazer distinções entre linguagens teatrais a partir da relação com a persona, com sua máscara. 

Após lançamento no TJA, o livro deve ainda ganhar as praças de Icó, Crato, Trairi e, de novo, Fortaleza, em evento na Universidade Estadual do Ceará. “Devo isso principalmente à sabedoria milenar das tradições populares, dos seus mestres. A eles, minha homenagem”, conclui Oswald Barroso.

Serviço
Lançamento do livro “Máscaras - Do Teatro Ritual ao Teatro Brincante”, de Oswald Barroso
Nesta sexta-feira (8), às 18h, no Theatro José de Alencar (Rua Liberato Barroso, 525 - Centro). Entrada franca. Contato: (85) 3101-2583

Máscaras - Do Teatro Ritual ao Teatro Brincante
Oswald Barroso

Independente
2019, 212 páginas
R$ 35