A Flip anunciou nesta quarta (4) que, pela primeira vez em sua história, a edição deste ano terá curadoria coletiva. A 19ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty acontecerá de forma virtual, como em 2020, entre 27 de novembro e 5 de dezembro, será inspirada nas plantas e nas florestas, e vai homenagear líderes e pensadores indígenas mortos pela Covid-19.
São cinco os curadores da programação: o antropólogo e colunista do jornal Folha de S.Paulo Hermano Vianna, que coordena o coletivo curatorial; a editora Anna Dantes, colaboradora da Escola Viva Huni Kuin e uma das fundadoras do Selvagem - Ciclo de estudos sobre a vida; o escritor Evando Nascimento; o antropólogo João Paulo Lima Barreto, tukano do Alto Rio Negro e fundador do Centro de Medicina Indígena em Manaus; e o professor de literatura Pedro Meira Monteiro, diretor do departamento de letras em português e espanhol da Universidade Princeton.
"Seria impossível, e imprudente, minimizar a imensa tragédia vivida, desejando neste momento apenas uma volta ao 'normal' – que foi uma das causas do problema. É preciso urgentemente imaginar outras formas de vida, sem a centralidade no 'humano', preparando o terreno para evitar o agravamento da crise climática na qual o planeta já vive", diz o texto institucional que apresenta a temática da edição deste ano, que busca aproximações entre a literatura e as plantas.
A homenagem coletiva a "gente discípula das plantas" tem por objetivo, segundo a Flip, cultivar e espalhar a sabedoria construída por essas pessoas, evitando que o conhecimento se perca.
A partir de nomes como Higino Tenório, escritor, professor e fundador da primeira escola indígena do povo tuyuka, Feliciano Lana, artista plástico e escritor do povo desana, Zé Yté, colaborador central dos mais importantes estudos sobre a etnobiologia kayapó, e Maria de Lurdes, guardiã das plantas de cura do povo mura, a edição da Flip pretende estender sua homenagem também a todos os mortos da pandemia.
Ainda não há nomes de convidados para as mesas do evento.