Especialista aponta os benefícios do pilates às gestantes e as maneiras seguras de praticá-lo

No atual contexto de pandemia, os exercícios podem ser realizados virtualmente ou no formato presencial individual

A atividade física, de modo geral, traz inúmeras vantagens às gestantes. Diante do atual contexto da pandemia, a fisioterapeuta e técnica em pilates, Ana Carla Bastos, classifica a prática como uma das que apresenta menor risco à futura mamãe e seu bebê. 

Com formação Nacional Pilates Certification Program, Ana Carla diz que a modalidade é confortável e segura. Além do baixo impacto, as aulas contam com exercícios direcionados ao fortalecimento da musculatura, correção da postura e podem acontecer virtualmente ou no formato presencial individual. Desde março de 2020, quando os casos de coronavírus foram diagnosticados no Brasil, e o governo estadual decretou o isolamento social, Ana Carla passou a trabalhar com as duas possibilidades de aulas. 

A individual privativa acontece em horários diferentes para cada aluna participante. Máscara, álcool gel na recepção e sala. Calçados, fora do local das aulas. Ultimamente, Ana Carla também opta pela prática ao ar livre. A higienização dos equipamentos e acessórios disponibilizados é feita após cada sessão. 

Na metodologia online, a aluna perde em contato manual, mas ganha em consciência corporal, porque ela mesma vai ter que começar a se perceber. “Outra vantagem é que a aluna fica ‘cuidadinha’ em sua casa, e eu no meu home-office. Temos essa interação digital moderna, prática e segura”, acrescenta. 

Atividade 
Adepta do sistema presencial, a psicóloga Alice Siebra engravidou do primeiro filho em março de 2020. O medo de ser contaminada existia, pois o início da gravidez coincidia com aquele momento inesperado. Com isso, Alice praticou o pilates somente no sétimo mês de gestação. 

“Não dava mais para esperar. No mês de outubro, eu já sentia muitas dores na lombar, que irradiavam para as pernas. Não conseguia dormir, acordava várias vezes à noite com dores terríveis nas costas”, pontua a praticante. 

Ana Carla usa como base o método clássico desenvolvido por Joseph Pilates (1883-1967). São aplicados exercícios preparatórios, seguindo uma sequência padrão de movimentos, acompanhando o desenvolvimento motor natural. 

Segundo a especialista, a escolha torna o método eficiente no fortalecimento muscular, reabilitação dos movimentos e na correção da postura. “Trabalhamos dentro dessas sequências, pequenas alterações e sempre observando as necessidades da aluna”, afirma. 

O treino direcionado às mamães acompanha o desenvolvimento gestacional. No primeiro trimestre da gravidez, as alterações hormonais e físicas não estão acentuadas. O trabalho pode ser realizado de forma generalizada, com fortalecimento geral dos músculos e consciência da mobilidade pélvica, revigorando a região abdominal ventral. 

No segundo trimestre, o foco passa a ser os membros superiores, inferiores e postural. No último trimestre, que antecede o nascimento do bebê, a preocupação é preparar a mãe para o trabalho de parto. 

“Nesse período, as articulações se tornam mais flexíveis, justamente para permitir o encaixe e posteriormente a saída do bebê por meio da pélvis. Por isso, de acordo com cada fase da gestação, procuramos trabalhar a consciência corporal com o intuito de amenizar os desconfortos decorrentes do processo fisiológico normal e hormonal, a exemplo de dores lombares e cervicais. Nessa fase, as mamas também aumentam o que pode causar dores torácicas. Enfim, buscamos deixar esse corpo com a musculatura semiestruturada para aguentar todas essas alterações”, diz a profissional. 

Devido à barriga ter crescido muito e rápido, Alice não conseguiu permanecer na modalidade até o fim da gestação. “Pratiquei um mês e meio. Apesar do curto tempo, logo que iniciei com os alongamentos e os exercícios do pilates, tive melhora significativa. No decorrer das aulas, as dores e o cansaço aliviaram consideravelmente”, avalia. 

A aluna acrescenta em torno da experiência de praticar o pilates durante a pandemia: “Os movimentos realizados nas aulas de pilates me deixaram mais disposta, eles foram essenciais para o fortalecimento e relaxamento da minha musculatura pélvica, facilitando assim o trabalho de parto normal, o qual foi concluído em apenas três horas", descreve Alice Siebra. 

Autorização 
A liberação para o treino não segue uma regra, mas se a gravidez ocorrer tranquilamente sem descolamento de placenta, sangramentos, ao completar os três primeiros meses de gestação, normalmente o médico libera a mãezinha para os exercícios”, confirma Ana Carla. 

Quando a mulher já pratica o pilates antes de engravidar, é natural o obstetra a deixar continuar sem necessidade de intervalo no primeiro trimestre. Pois, nesse caso, o corpo já está habituado aos exercícios.

“De forma bem genérica, a partir do terceiro mês, se tudo tiver bem, com autorização do obstetra, a gestante pode iniciar as aulas e seguir com os exercícios até os últimos dias do período gestacional sem nenhum problema”, confessa Ana Carla.

Treino pós-parto 
Os hormônios sofrem alterações no período gestacional, tem o momento de alteração da relaxina, a queda da progesterona e do estrógeno. Essa dança hormonal causa modificações da funcionalidade, da flexibilidade e da conformação estrutural da mãe, incidindo tensão na região lombar, justamente onde a maioria das mulheres sente dores no final da gestação.

Depois que a criança nasce o corpo da mãe ainda fica sujeito a essas mudanças e as alterações hormonais, as quais podem ser corrigidas com a prática do pilates. Após 30 ou 90 dias, a depender do parto normal ou cesariano, a mãe pode retornar à prática esportiva. 

Para essa retomada, “o pilates entra como um reabilitador do pós-parto. Nesse período são trabalhadas as cadeias cruzadas, reequilíbrio postural, conseguimos melhorar de forma geral e holística o processo de recuperação estrutural do corpo dessa mãe”.

Na visão da profissional, aplicar o método clássico de Joseph pilates é uma maneira de trazer o corpo da pessoa para seu equilíbrio e postura natural, trabalhando corpo, mente e espírito. “Quando você está dentro de uma aula de pilates, focado no que está fazendo, você está contando, respirando e se exercitando. É um momento de esvaziar a mente. Isso funciona quase como uma meditação. Por isso digo que o pilates também trabalha a questão mental", complementa Ana Carla Bastos.