O desenhista e escritor Ziraldo morreu aos 91 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela família dele na tarde deste sábado (6). Responsável por obras de sucesso brasileiras como "O Menino Maluquinho" e "Turma do Pererê", o artista faleceu em casa, enquanto dormia.
Ziraldo também era chargista, jornalista e bacharel em Direito, tendo sido um dos grandes combatentes da Ditadura Militar, ao fundar o jornal "O Pasquim", em 1964.
O velório do jornalista ocorrerá às 10h no Museu de Arte Moderna (MAM), no Parque do Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no domingo (7). O sepultamento ocorre às 16h30, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na Zona Sul.
Anteriormente, a família havia optado que o serviço fúnebre ocorresse na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio de Janeiro, a partir das 10h.
"O Menino Maluquinho"
Criado no dia de aniversário de Ziraldo, "O Menino Maluquinho" é um dos grandes sucessos dos quadrinhos brasileiros. A história já inspirou peças de teatro, séries de TV, filmes e até ópera.
Como o autor o descreveu na primeira página do livro, o menino "tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés".
A história é sobre um menino com muita imaginação e que adora aprontar com amigos, Juju, Bocão, Junim e Carol. Um dos seus diferenciais é usar uma panela na cabeça.
Impacto de "O Menino Maluquinho"
O Menino Maluquinho virou filme em 1995, com Samuel Costa, como protagonista. Teve direção de Helvécio Ratton e a canção-tema composta e interpretada por Milton Nascimento.
Já em 1997, a obra voltou as telonas com uma parte dois, novamente com Costa como protagonista. O filme foi direção de Fernando Meirelles e também contou Stenio Garcia no elenco.
Ambos foram produzidos por Tarcísio Vidigal.
Em 2006 teve a estreia na TV, com produção de Cao Hamburger e Anna Muylaert com roteiros de Anna Muylaert. A direção foi de Cesar Rodrigues. Foi exibida na TV Cultura e Disney Channel, e teve apenas uma temporada, com 26 episódios.
Em 12 de outubro de 2022, estreou a primeira série em desenho animado da obra de Ziraldo, na Netflix.
"Turma o Pererê"
A Turma do Pererê foi publicada inicialmente em 1959, como cartuns nas páginas da revista "O Cruzeiro".
Na autobiografia, Ziraldo classificou que o "Pererê, no dizer de Moacy Cirne, era um dos símbolos da época. Um tempo em que se acreditava que, pelas ideias, poderíamos mudar nossa história".
As histórias se passavam na "Mata do Fundão", uma floresta fictícia brasileira.
A história contava o cotidiano na mata de um pequeno índio e vários animais, como a onça, o jabuti, o tatu, o coelho e a coruja.
Carreira
O artista nasceu em 24 de outubro de 1932, em Caratinga, no Interior de Minas Gerais.
Seu nome era uma junção do nome da mãe, Zizinha, e do pai, Geraldo. Em 1939, teve seu primeiro desenho publicado no jornal "A Folha de Minas".
Na década de 1950, atuava na revista "Era uma vez...". Em 1954, retornou para "A Folha de Minas" com uma página de humor.
Formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte, em 1957. Entrou para a equipe das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”, também no mesmo ano.
Na década de 1960 se destacou por trabalhar no "Jornal do Brasil", no qual publicava charges políticas e cartuns. Os personagens famosos desta época são: Supermãe e Mineirinho.
Em 1964, em parceria com outros humoristas, Ziraldo cria "O Pasquim". Em 13 dezembro de 1968, um dia após o AI-5, foi detido e encaminhado para o Forte de Copacabana.
O primeiro livro infantil do escritor foi "FLICTS", publicado em 1969.
"O Menino Maluquinho", maior sucesso do desenhista, foi lançado em 1980.