A nutrição é fator de equilíbrio para a prevenção de um transtorno que já é comum na contemporaneidade: a depressão. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é recordista em casos da doença na América Latina e os maus hábitos alimentares de boa parte da população podem sustentar ou até "facilitar" os sintomas de desequilíbrio psíquico.
Questionado sobre qual seria o papel da alimentação na prevenção e no alívio dos sintomas da depressão, o nutricionista Filipe Brito situa que cada indivíduo deve ter um cuidado diferenciado com o intestino.
A maior parte da serotonina - neurotransmissor relacionado aos sintomas depressivos - é produzida no órgão. "Isso já nos dá uma pista de como a alimentação e nossa saúde gastrintestinal está envolvida na prevenção dessa desordem", sinaliza Filipe.
O nutricionista acrescenta que a inflamação do sistema nervoso é outro processo que desencadeia a depressão. Os alimentos com potencial anti-inflamatório, portanto, são eficazes para o alívio.
O uso de produtos fermentados (kefir, kombucha, iogurte) melhora o perfil de bactérias no intestino, além da ingestão de frutas vermelhas como o açaí, acerola e a jabuticaba. Temperos como a cúrcuma, suplementos de ômega 3, peixes como sardinha, salmão e cavala; também possuem ação anti-inflamatória.
"Outro ponto importante é a ingestão de alimentos fontes de triptofano (aminoácido que nosso corpo utiliza para conseguir produzir a serotonina), tais como aveia, banana, amêndoas, feijão, lentilha, ovos, peru, sementes de abóbora", acrescenta Filipe Brito.
De acordo com o nutricionista, o equilíbrio do organismo humano se encontra fragilizado pelo estilo de vida atual na maioria das cidades. Filipe observa que esse ritmo sobrecarrega em demasia o sistema imune, "levando a gente à exaustão, tanto pela má alimentação, maus hábitos de sono, falta de contato com o sol e exposição a poluentes", detalha.
Indagado se falta informação, entre a população brasileira, a respeito de como defender o organismo, o nutricionista reconhece que as ações preventivas têm sido uma preocupação, ainda, de profissionais e agentes de saúde. "Sobretudo os que trabalham mais com a prevenção, como os nutricionistas funcionais e os médicos com abordagem integrativa", complementa.