Obra de arte feita por robô é arrematada por mais de R$ 6 milhões em leilão

Retrato do matemático Alan Turing foi feito pelo robô Ai-Da

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Diário do Nordeste/AFP producaodiario@svm.com.br
Legenda: Ai-Da posa diante da obra A.I. God, retrato do matemático inglês Alan Turing feito por ela
Foto: Justine GERARDY / AFPTV / AFP

Um retrato do matemático inglês Alan Turing se tornou, nessa quinta-feira (7), a primeira obra de arte criada por um robô humanoide vendida em leilão, por US$ 1,08 milhão — cerca de R$ 6,15 milhões. Com 2,2 metros de altura, o retrato, intitulado "A.I. God", obra do robô ultrarrealista Ai-Da, ultrapassou o preço estabelecido pela casa de leilões Sotheby's Digital Art Sale, de US$ 180 mil.

A venda "é um marco na história da arte moderna e contemporânea e reflete a interseção crescente entre a tecnologia de IA e o mercado de arte global", ressaltou a Sotheby's.

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"O valor-chave do meu trabalho é a sua capacidade de servir como catalisador do diálogo sobre as tecnologias emergentes", expressou o Ai-Da, por meio da inteligência artificial. "Um retrato do pioneiro Alan Turing convida o público a refletir sobre a natureza divina da IA e da informática, considerando as implicações éticas e sociais desses avanços", acrescentou.

Com formato de mulher, o robô é um dos mais avançados do mundo e foi projetado pelo especialista em arte moderna e contemporânea Aidan Meller. "Os maiores artistas da História celebraram e questionaram as mudanças sociais", disse ele. "Por se tratar de uma tecnologia, o robô Ai-Da é o artista perfeito para discutir o desenvolvimento atual da tecnologia e o seu legado."

A máquina é capaz de gerar ideias por meio de conversas com membros do estúdio, e foi dela a sugestão de criar um retrato de Turing. Os membros do estúdio lhe perguntaram sobre o estilo, a cor, o conteúdo, tom e a textura que usaria. Depois, colocaram uma foto de Turing na frente das câmeras dos seus olhos e o robô produziu a pintura.

Meller liderou a equipe que criou o Ai-Da com especialistas em inteligência artificial das universidades inglesas de Oxford e Birmingham. Segundo esse especialista em arte, Turing, que se tornou famoso como matemático, pioneiro da informática e criptógrafo durante a Segunda Guerra Mundial, havia expressado suas preocupações relacionadas ao uso da IA já na década de 1950.

"Os tons apagados e os planos faciais quebrados" da obra parecem evocar "os problemas que Turing alertou que enfrentaríamos no gerenciamento da IA", comentou Meller. O trabalho do Ai-Da é "etéreo e perturbador", e "continua questionando aonde nos levará o poder da IA e a corrida global para aproveitar o seu potencial", acrescentou.

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