LG vai levar produção de monitores e notebooks de SP para Manaus; sindicato teme 700 demissões

Fechamento da fábrica deve impactar 700 empregos diretos e pelo menos 430 indiretos

Com o encerramento global da divisão de smartphones, a LG vai levar as linhas de produção de monitores e notebooks, hoje localizadas em Taubaté (SP), para Manaus (AM), cidade em que a empresa já fabrica outros produtos, como televisores.

A entidade teve reunião com representantes da companhia nesta terça (6). A LG no Brasil diz, em nota, que a transferência da produção para a unidade no Amazonas fortalecerá sua estratégia comercial.

A empresa afirma também que cumprirá as responsabilidades para minimizar os impactos para funcionários e parceiros comerciais. A LG não diz as datas exatas para o encerramento e transferência da produção no interior de São Paulo.

Em comunicado divulgado na segunda (5), diz que até 31 de julho todas as linhas de smartphones estarão desligadas. Com a mudança para Manaus, 700 empregados diretos da LG em Taubaté que deverão ser demitidos, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté. São 400 atuando na produção de celulares e outros 300 com os monitores e notebooks.

A entidade sindical e a LG tiveram nesta terça a primeira de uma série de reuniões. Em vídeo divulgado após a reunião, o presidente do sindicato, Cláudio Batista, diz que a intenção é fechar um acordo para os funcionários até o fim da semana.

Segundo Batista, a LG comunicou que manterá no município paulista o call center e o serviço de assistência técnica. Juntos, os dois setores têm 300 empregados.

"Ficou acertado que vamos discutir, podendo chegar a um acordo, plano médico, PLR [participação nos lucros e resultados], indenização social, qualificação profissional, assistência sindical, prova de quitação, absenteísmo, B94 [código do INSS para auxílio-doença por questões de trabalho], estáveis e gestantes", disse o presidente do sindicato de Taubaté.

Além dos empregados da fábrica em Taubaté, o encerramento da produção de smartphones no Brasil também terá efeitos sobre três empresas na região, sendo duas em Caçapava e uma em São José dos Campos. Juntas elas empregam cerca de 430 pessoas, diz o sindicato.

Segundo o sindicato de São José dos Campos, todas trabalham somente para atender a LG. Sem a produção de telefones, elas deverão fechar, afirma a entidade. Pela manhã, nesta terça, as trabalhadoras dessas três empresas deram início a uma greve.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos encaminhou uma representação ao Ministério Público do Trabalho. A entidade diz que a possibilidade de haver demissão coletiva é ilegal e pede abertura de um inquérito civil.

"O clima nas fábricas é de indignação e muita preocupação. Estamos num momento de alto índice de desemprego, desindustrialização e pandemia", diz Weller Gonçalves, presidente do sindicato.