Mulher trans é presa, tem cabelo raspado e é colocada em cela com homens no Paraná

Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta o caso como uma " violação dos direitos das pessoas trans"

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Unidades Prisional de Arapongas, no Paraná
Legenda: Comunidade LGBTQI+ denuncia transfobia em caso de mulher trans presa em cela com homens no Paraná

Uma mulher transexual foi presa na última semana e colocada em uma cela comum com outros homens em Arapongas, no Paraná. A moça teve o cabelo raspado. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) denunciou "a violação dos direitos das pessoas trans" nas redes sociais.

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Natural de Belém, a mulher teve a liberdade cerceada por conta de um furto e foi encaminhada para a Cadeia Pública de unidade masculina.

"Esse tipo de situação além de inaceitável e desumana, viola os direitos humanos previstos em todas as convenções sobre os direitos da população LGBTQIA+ no sistema prisional", alertou a Antra nas redes sociais. 

A organização, em parceria com outras entidades, informou que apresentará uma reclamação junto à Corregedoria do Poder Judiciário, com base na resolução nº 348/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), "exigindo respostas efetivas, ações para responsabilizar aqueles que violaram o direito da moça, e garantir que não volte a acontecer".

Também nas redes, a ativista dos direitos LGBTQI+, Renata Borges protestou contra o encaminhamento do caso. "Tal barbaridade ocorreu violando a identidade de gênero da mulher". Ela afirmou que as medidas também ferem a portaria do Departamento de Polícia Penal do Paraná (DEPPEN), "que estabelece os parâmetros para acolhimento e atendimento à população LGBTI+ (tratada como GTT - gays, travestis e transexuais no documento) em privação de liberdade".

Borges frisou ainda que o tratamento às pessoas trans no regulamento permite "o uso de roupas femininas ou masculinas, conforme o gênero, e a manutenção de cabelos compridos, maquiagem e tintura de cabelo, garantindo seus caracteres secundários de acordo com sua identidade de gênero", afirmou.

Defensoria Pública acompanha o caso

A Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) garantiu que começou a apurar as informações e está realizando o acompanhamento através do Núcleo de Política Criminal e Execução Penal (Nupep).

No último sábado (9), Karollyne Nascimento, ouvidora geral-externa da DPE-PR, comunicou que recebeu uma denúncia informal. "O Nupep abriu procedimento para pedir informações sobre o caso e verificar quais os motivos da prisão, qual instituição atuou para prendê-la, e como foi procedida a atuação da polícia no caso".

Além disso, o órgão pontuou que a transferência da moça para a Cadeia Pública de Rio Branco do Sul, também no Paraná, está agendada para esta quinta-feira (14). O espaço, que fica na região metropolitana de Curitiba, é específico para receber pessoas LGBTQI+ privadas de liberdade. "O Nupep deve agendar videoconferência com a vítima presa na próxima semana para prestar orientação jurídica".

O Departamento de Polícia Penal do Paraná foi procurado pela reportagem do Estadão, mas não houve retorno até a publicação deste texto. 

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