Bolsonaro manda Exército produzir mais remédio sob teste contra Covid-19

Ainda sem a comprovação científica de que substâncias para tratar malária, lúpus e artrite são eficientes contra novo coronavírus, presidente ordena aumento da produção de cloroquina e da hidroxicloroquina

Escrito por Redação ,
Legenda: Presidente Jair Bolsonaro busca saídas para a crise da Covid-19
Foto: Foto: AFP

Com o aumento das mortes pelo novo coronavírus no Brasil, o Governo Bolsonaro decidiu, neste sábado, tomar novas medidas para enfrentar a doença. O plano é fazer até 10 milhões de testes de detecção do vírus em todo o País, anunciou o Ministério da Saúde.

Há ainda esforços no sentido de desenvolver um tratamento eficaz para tratar os pacientes. Neste sábado, o presidente Jair Bolsonaro informou que o hospital paulista Albert Einstein deu início a pesquisas sobre o uso de cloroquina e da hidroxicloroquina - substâncias usadas para tratar malária, lúpus e artrite reumatoide - no combate à Covid-19.

O presidente afirmou ainda que, em parceria com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, usará o laboratório químico e farmacêutico do Exército para ampliar a produção das substâncias. Bolsonaro comentou ainda que o Brasil deverá manter o estoque do medicamento, e que a produção nacional não será vendida a outros países.

Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há estudos conclusivos que comprovam o uso de medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina para tratar o novo coronavírus, e não há recomendação da agência para a sua utilização.

A Anvisa decidiu, na última sexta-feira, enquadrar a hidroxicloroquina e a cloroquina como medicamentos de controle especial para evitar que pessoas que não precisam desses medicamentos causem um desabastecimento no mercado.

"A Agência recebeu relatos de que a procura pela hidroxicloroquina aumentou depois que algumas pesquisas indicaram que este produto pode ajudar no tratamento da Covid-19. Apesar de alguns resultados promissores, não há nenhuma conclusão sobre o benefício do medicamento no tratamento do novo coronavírus", disse a Anvisa. "Ou seja, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus", acrescentou, em nota.

Não há, atualmente, vacinas nem tratamentos para a doença respiratória altamente contagiosa Covid-19. Por ora, os pacientes só podem receber cuidados paliativos.

Nos EUA, a Universidade de Minnesota iniciou testes para verificar se a hidroxicloroquina pode evitar ou reduzir a severidade do Covid-19. Já uma equipe francesa informou que os resultados iniciais de um teste de hidroxicloroquina com 24 pacientes mostrou que 25% dos que receberam o remédio ainda portavam o coronavírus depois de seis dias - a taxa foi de 90% entre os que receberam um placebo.

Já a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, alertou que os brasileiros não devem comprar hidroxicloroquina para se prevenir contra o coronavírus. Segundo ela, por causa da maior demanda em farmácias, pacientes que fazem uso contínuo da hidroxicloroquina podem ficar sem o remédio.

Testagem

Já o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, informou que o Ministério da Saúde está prestes a adquirir 5 milhões de testes rápidos para o diagnóstico do coronavírus. Ele disse que a distribuição para todo o País começará em oito dias e ressaltou que o número de casos leves deverá aumentar nos próximos dias por causa da simplificação dos testes.

"Os testes estarão disponíveis daqui a oito dias para distribuição em todo o Brasil. Isso vai aumentar muito a velocidade de diagnóstico em todo o País", declarou. Nas próximas semanas, o número poderá chegar a 10 milhões de testes rápidos, disse Oliveira.

Mortes confirmadas da doença no Brasil

O Brasil tem 1.128 casos confirmados de novo coronavírus e 18 mortes, informou o Ministério da Saúde ontem (21). SP tem a maioria dos casos (459) e de mortes (15).

Taxa de mortalidade

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade é de 1,6% no Brasil. Roraima é o único Estado que não teve casos confirmados até a tarde de ontem.

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