Um estudante de medicina, de 23 anos, é suspeito de cobrar cerca de R$ 150 mil para fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no lugar de outros candidatos, em 2022 e 2023, no Pará. Segundo investigação da Polícia Federal, André Rodrigues Ataíde usava documentos falsos para fazer o teste se passando por outras pessoas.
O Fantástico revelou, nesse domingo (18), que o esquema teria resultado na aprovação de pelo menos dois participantes do exame em curso de medicina na Universidade do Estado do Pará (UEPA) — mesma instituição onde estuda o suspeito. A defesa do universitário e os outros dois alunos negam a fraude.
Partindo de duas denúncias anônimas, a operação Passe Livre da Polícia Federal chegou até André. O valor de cerca de R$ 150 mil foi pago ao universitário em parcelas, conforme detalhou o delegado Ezequias Martins à reportagem.
Os estudantes suspeitos de contratarem os serviços de André também foram alvo da investigação. Um deles seria Eliesio Bastos Ataíde, de 25 anos, que teria tido a assinatura falsificada pelo universitário, que se passou por ele e fez a prova de redação. Eliesio foi aprovado em uma vaga de medicina na UEPA.
O outro aluno seria Moisés Oliveira Assunção, de 25 anos, aprovado na universidade neste ano. As aulas devem começar em março.
Os agentes de segurança apreenderam telefones celulares, provas do Enem de 2019 a 2023 e manuscritos na casa dos suspeitos. Não houve prisão.
Conforme a Polícia Federal, a perícia constatou que as assinaturas nos cartões de reposta e as redações não foram produzidas pelos candidatos nos processos seletivos do Enem. As investigações seguem em andamento, visando descobrir se existem outros aprovados irregularmente por meio do esquema criminoso, informou a corporação.
Caso seja comprovado os delitos, os suspeitos podem responder por falsidade ideológica, uso de documento falso, entre outros crimes.
O que diz os envolvidos?
Ao Fantástico, a defesa dos três afirma que eles são inocentes: “Provaremos que André e Eliesio são alunos de medicina e são inocentes. Não existe recebimento pelo André de nenhuma quantia para fazer a prova em nome de terceiros", disse o advogado de André e Eliesio, Diego Freites.
O representante do terceiro estudante afirma que "quem fez a prova foi o próprio Moisés". "Ele está inteiramente interessado em apoiar e cooperar com a polícia e com a Justiça Federal para que esse assunto seja o mais rápido possível solucionado", complementou.
A UEPA também se manifestou, afirmando que "acompanha e colabora com as investigações conduzidas pela Polícia Federal e aguarda a conclusão do processo para tomar as medidas cabíveis".