'Tudo o que excede R$ 2 não é responsabilidade da Petrobras', diz estatal sobre preço da gasolina

Presidente da empresa informou que o papel de zelar pelos preços dos combustíveis é do governo, Ministério de Minas e Energia, Economia e Casa Civil

"Tudo o que excede R$ 2 não responsabilidade da Petrobras", disse Joaquim Silva e Luna, presidente da estatal, sobre o preço da gasolina, nesta segunda-feira (27). O titular da empresa enfatizou que a instituição é responsável por apenas R$ 2 na composição de valores do combustível. 

"Temos presença e acompanhamento em diversos órgãos. Isso nos dá um conforto para saber que a Petrobras tem uma governança muito robusta", afirmou o presidente da estatal.

Silva e Luna também pontuou que a empresa é responsável pela produção e refino do combustível. Depois desses processos, "ela não se manifesta mais". Para ele, a Petrobras é forte e competitiva, e contribui ao Brasil com o pagamento de tributos e dividendos.

Entendemos que isso [aumento de preços] está com o governo, Ministério de Minas e Energia, [Ministério da] Economia e com a Casa Civil, destacou.

O presidente da estatal deu exemplo sobre a composição de preços para a gasolina a R$ 6,10 por litro:

  • R$ 2 por litro vão para a Petrobras;
  • R$ 1,03 por litro vão para custo da mistura do etanol anidro;
  • R$ 0,66 por litro à distribuição e revenda;
  • R$ 0,69 por litro para tributos federais;
  • R$ 1,67 para impostos estaduais.

Sobre a variação no preço dos combustíveis, Silva e Luna garantiu que segue monitorando o valor do petróleo Brent. Conforme o executivo, essa questão é mais geopolítica do que de mercado.

"Não há nenhuma mudança na política de preços da Petrobras. Continuamos trabalhando da mesma forma como sempre trabalhamos", explicou.

Mercado internacional

De acordo com o diretor de comercialização e logística da estatal, Claudio Mastella, o mercado internacional segue em uma alta procura por combustíveis, mesmo a oferta estando reduzida. Ele relatou ainda que a empresa continua analisando o mercado para um eventual reajuste.

“Temos tomado muito cuidado para não repassar essa volatilidade para o mercado interno. Temos a perspectiva para o aumento na demanda e, em função disso, estamos olhando com mais cuidado para a possibilidade de reajuste, sim”, contou.

Escalada inflacionária

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou ter conversado nesta segunda-feira (27) com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre como "melhorar ou diminuir" o preço dos combustíveis, um dos principais vilões da atual escalada inflacionária.

Ele ponderou que não tem poder de tomar decisões na Petrobras. "Aqui, o grande acionista é o Governo Federal, mas temos regras, a lei da paridade".

Na tentativa de se defender sobre a alta dos preços dos combustíveis, o chefe do Executivo nacional citou avanço das cotações também nos Estados Unidos e falou ser preciso "ter conhecimento do que está acontecendo antes de culpar quem quer que seja".

Ainda assim, reconheceu que qualquer fala sua equivocada ou distorcida mexe com a Bolsa, ou com o preço do dólar, com potencial de impactar ainda mais o preço dos combustíveis.