Socialite acusa ex-motorista de tê-la mantido em cárcere no próprio apartamento, no RJ

Regina Gonçalves, de 88 anos, afirmou que cativeiro teria durado 10 anos em Copacabana

A socialite Regina Lemos Gonçalves, de 88 anos, virou assunto em matéria do Fantástico, da TV Globo, ao denunciar que teria vivido em cativeiro no próprio apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo ela, o cárcere privado, que teria durado 10 anos, foi comandado pelo ex-motorista particular José Marcos Chaves Ribeiro.

Viúva e sem filhos, Regina herdou uma fortuna bilionária há 30 anos, quando o marido dela, o fazendeiro e empresário Nestor Gonçalves, faleceu. Regina morava, desde então, no Edifício Chopin, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

A mulher era famosa por promover festas luxuosas, mas deixou de ser anfitriã e sumiu das áreas comuns do prédio onde vivia. As preocupações, então, começaram a circular entre vizinhos e amigos, que não estavam conseguindo contato com Regina. 

Uma denúncia, apontou o Fantástico, foi feita sobre o caso de forma anônima em maio de 2022, mas o Ministério Público do Rio de Janeiro relatou que as tentativas de contato com a mulher foram frustradas.

Amigos chegaram a relatar que todos os contatos com Regina acabavam chegando apenas em José Marcos, que alegava problemas de saúde dela. Segundo Regina, ele impedia qualquer tipo de telefonema ou outro meio de comunicação.

"Ele pegava celular... Eu vivia assim... Sem poder ter contato com ninguém. E tudo do jeito que ele pensava e depois saía, eu ficava. Eu ficava em cativeiro", disse ela em entrevista ao programa da Globo. Regina contou que ele foi contratado em 2010 e não tinham nenhum tipo de relacionamento.

União estável

Entretanto, José Marcos conta outra versão. Ele diz ter sido esposo de Regina, e uma escritura de união estável, de 2021, foi registrada quando Marcos tinha 50 anos e Regina, 85. 

Conforme o documento, ambos estavam mentalmente aptos e dois pareceres psiquiátricos foram apresentados para comprovar a saúde dela. Já em 2023, no entanto, José Marcos apresentou um laudo à Justiça alegando que Regina sofria de demência avançada com grave déficit cognitivo, tornando-a incapaz para atos civis.

Regina deixou o apartamento no dia 2 de janeiro deste ano, se dirigindo à casa do irmão, que também fica em Copacabana. "Eu resolvi fugir. Resolvi pôr um final nisso. O dia que eu fui procurar a casa do meu irmão, falei, cheguei, eles assustaram. Eu havia emagrecido mais de 30 quilos. Tava osso puro", disse a socialite.

Uma ordem de proteção foi solicitada pela família, com uma medida judicial que informa que José Marcos deve ser manter a pelo menos 250 metros de distância dela. No dia 6 de janeiro, José Marcos foi procurado pela Polícia no apartamento, mas não foi encontrado.

Ainda com a ordem de proteção, José Marcos se tornou o curador de Regina e recebeu autoridade para administrar todo o patrimônio da socialite. A decisão ocorre pelo fato de que a situação já estava prevista a união estável. Questionado sobre a denúncia, o advogado de José Marcos afirmou que não concederia informações ao Fantástico.