Shantal Verdelho, de 32 anos, que acusa o médico Renato Kalil de violência obstétrica, voltou a falar sobre o assunto nesse domingo (9), em entrevista ao Fantástico. A influenciadora digital contou que o profissional insistiu "várias vezes" em rasgá-la com as próprias mãos para acelerar o nascimento de Domenica, sua filha de quatro meses com o modelo Mateus Verdelho.
Um vídeo vazado nas redes socias mostra o momento em que o médico sugere uma episiotomia, que é um procedimento na região entre a vagina e o ânus (períneo), para facilitar a passagem do bebê. No entanto, Shantal diz que o médico executa a manobra com as mãos.
"Não tinha a menor necessidade de ele tentar me rasgar com as mãos e isso é feito várias vezes. Ele basicamente faz o parto inteiro fazendo esse movimento com a minha vagina, tentando abrir ela. Já que ele não teve o corte, ele tenta com as mãos", lembra.
Shantal detalha que teve a barriga pressionada durante todo o parto e o médico chegou a pedir a ajuda de um anestesista "mais forte" para fazer a manobra de Kristeller.
Esta prática de pressão no fundo uterino, no entanto, "não é mais recomendada" pelo Ministério da Saúde desde os anos 2000, segundo Agnaldo Lopes, presidente Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
A influencer relatou que ao assistir o vídeo do parto e identificar a violência, procurou o médico para mostrar a insatisfação, mas recebeu dele "uma resposta debochada" foi bloqueada no WhatsApp.
No último dia 14 de dezembro, ela pediu a instauração de um inquérito e já prestou depoimento à Polícia Civil. O Ministério Público irá avaliar as provas para eventual oferecimento de denúncia contra Kalil após a conclusão das investigações.
Médico nega acusações
Em nota escrita pelo advogado, Renato Kalil lamenta profundamente que um caso médico seja discutido por meio da mídia e das redes sociais, com base em pequenos trechos editados de um vídeo. O texto pondera que em razão de normas éticas e sigilo profissional, o médico não pode se manifestar publicamente, mas que isso será feito em "foro adequado".
Contudo, Kalil afirma ainda que não praticou violência obstétrica e que a edição dos vídeos e das falas induzem ao erro de interpretação. Diz que se coloca à disposição do Conselho Regional de Medicina de São Paulo para comprovar sua ética e retidão profissional, e está à disposição das autoridades para colaborar com todas as investigações para demonstrar sua inocência.