Diante do esgotamento de oxigênio nos hospitais de Manaus, a estatal responsável pelos hospitais universitários federais recebeu uma convocação do Ministério da Saúde para reservar 135 vagas a pacientes de Covid-19 da capital do Amazonas. As transferências a hospitais em cinco estados e no Distrito Federal estão previstas para esta quinta-feira (14), segundo a estatal.
Os pacientes com Covid-19 se viram sem suprimento de oxigênio nas unidades de saúde em Manaus. Esta é a mais nova face do agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil.
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) atendeu ao chamado de urgência do Ministério da Saúde e reservou 135 leitos nos hospitais universitários em Brasília e nas capitais de Goiás, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba, segundo fontes da estatal ouvidas pela reportagem.
Devem ser usados na operação um avião da Força Aérea Brasileira e um avião contratado pelo Ministério da Saúde, segundo a EBSERH. A estatal é responsável por 40 hospitais universitários federais e é vinculada ao Ministério da Educação.
O Ministério da Saúde mobilizou ao todo sete estados para receber 750 pacientes do Amazonas, segundo governadores.
Medida extrema
A medida extrema de transferência de pacientes, envolvendo a rede hospitalar das universidades federais, foi adotada numa tentativa de se evitar a morte ou o agravamento do estado de saúde de pessoas com Covid-19, conforme as tratativas entre autoridades do governo federal. E também para reduzir o consumo de oxigênio nos hospitais de Manaus.
Um dos focos do problema é o hospital universitário de Manaus, o Getúlio Vargas. O entendimento na EBSERH é que o suprimento de oxigênio acabou em razão do aumento exponencial da demanda, bem acima dos repiques de infecção pelo novo coronavírus que já vinham ocorrendo na região.
O problema deve se arrastar pelo menos pelos próximos dois dias. A expectativa é que o abastecimento de oxigênio seja normalizado no Hospital Universitário Getúlio Vargas somente no fim de semana.
Diante desse cenário dos hospitais na capital amazonense, a solução encontrada foi transferir pacientes para outros estados, usando a rede de hospitais universitários.
A estatal entende que houve um problema e uma falha na logística do fornecimento do suprimento, tanto em razão da explosão da demanda quanto em função do isolamento da região, que obriga transportes do produto por balsas, oriundas de Belém. O deslocamento dura dias.
Hospitais em Manaus costumam suprir os tanques de oxigênio a cada três dias. A explosão das internações fez esse período diminuir, a ponto de faltar oxigênio para os pacientes.
A empresa responsável pelo oxigênio foi avisada da necessidade de fazer o ressuprimento de oxigênio. Diante dessa realidade, o empreendimento comunicou as unidades de saúde que não haveria tempo hábil para a chegada do produto.
Para a normalização da situação, a expectativa é que a produção de Belém seja toda direcionada a Manaus. Isto levaria pelo menos dois dias, segundo técnicos envolvidos no acompanhamento do caso do hospital universitário na capital do Amazonas.
A autonomia atual dos tanques, segundo esses técnicos, é para apenas algumas horas. E isto porque os hospitais estão fazendo um intercâmbio de tanques, de acordo com a demanda em cada unidade.
A transferência de pacientes envolve pelo menos três ministérios: Saúde, Defesa e Educação, por meio da EBSERH, responsável pelos leitos nos hospitais universitários.