Em posse da Receita Federal há mais de um ano, as joias que o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ganharam do regime da Arábia Saudita - apreendidas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por sonegação de impostos - seriam incluídas em leilão do órgão, após oito tentativas frustradas do ex-chefe do Executivo de recuperar os itens.
Essa decisão, no entanto, foi suspensa porque as joias passaram a ser enquadradas como prova de possíveis crimes, entre eles descaminho, peculato e lavagem de dinheiro. Segundo o jornal Estadão, o colar, os brincos, o anel e o relógio da marca Chopard, são avaliados em € 3 milhões (ou R$ 16,5 milhões).
Conforme o ministro da Justiça, Flávio Dino, a Polícia Federal será acionada nesta terça-feira (7) para investigar o caso. Já o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o Ministério da Fazenda também apura o ocorrido.
"Todos os responsáveis por essa tentativa de ato ilegal têm de ser fortemente punidos", defendeu, após participar de conferência no Rio. Deputados do PSOL apresentaram notícia-crime contra o ex-chefe do Executivo no Ministério Público Federal por corrupção passiva.
Entrada ilegal
O governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o País o conjunto de joias, presente do regime saudita para o ex-presidente e a então primeira-dama, mas as peças acabaram retidas no aeroporto em 26 de outubro de 2021.
As joias estavam na mochila do militar Marcos André Soeiro, assessor do então ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, que estivera no Oriente Médio em comitiva oficial de uma viagem iniciada dias antes. Albuquerque representou Bolsonaro na reunião de cúpula "Iniciativa Verde do Oriente Médio". As peças foram descobertas pela alfândega quando Soeiro tentou entrar no Brasil sem declará-las, descumprindo a legislação.
Após participar de um evento nos Estados Unidos, neste domingo (5), Bolsonaro negou que tenha cometido qualquer irregularidade.
O valor das joias - de € 3 milhões - já tinha sido estimado pela equipe de auditores e iria embasar a oferta no leilão. A avaliação revisava o preço inicialmente previsto pelos fiscais, que, no ato de apreensão, chegaram a calcular, de imediato, que os diamantes valeriam cerca de US$ 1 milhão. A marca Chopard é uma das mais famosas e caras do mundo.
Depois que os itens foram apreendidos no aeroporto, o governo Bolsonaro tentou, por diversos meios, reaver as joias, sem sucesso, ao menos oito vezes.