Erika de Souza Vieira Nunes, a mulher que levou um idoso morto ao banco para fazer um empréstimo de R$ 17 mil em Bangu (RJ), disse em depoimento à Polícia que decidiu sacar o valor em nome de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, após ele manifestar vontade de usar o dinheiro para comprar uma televisão e fazer uma obra em casa. As informações são do jornal O Globo.
Ela diz ser sobrinha do homem e afirma que atuava como cuidadora dele, já que eles eram vizinhos. Os investigadores confirmam que há uma relação de parentesco, mas seria de primos.
Segundo o relato de Érika, Paulo Roberto ficou cinco dias internado devido a uma pneumonia e teve alta na última segunda-feira (15). Após a alta, ele ficou sob os cuidados dela e, segundo a mulher, revelou ter solicitado o empréstimo no dia 25 de março. O idoso, então, teria mostrado interesse em sacar a quantia pedida, e Érika disse que foi ao banco com Paulo para atender a um desejo dele.
A mulher contou aos policiais que chamou um carro de aplicativo e embarcou e desembarcou o idoso do carro com a ajuda do motorista. A Polícia tenta localizar o condutor para que ele preste depoimento. Érika afirmou ainda que, antes de sair de casa e já dentro do banco, Paulo Roberto estava consciente, apesar de debilitado, e parou de responder no momento de receber atendimento de funcionários da agência bancária.
Nesta terça-feira (16), a advogada responsável pela defesa de Erika afirmou que o idoso chegou vivo à agência. Informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da Polícia indicam, porém, que ele havia morrido há pelo menos duas horas. Em depoimento, a mulher disse que viu quando a equipe do Samu chegou e fez manobras de ressuscitação em Paulo Roberto. E afirmou que dava para perceber que o idoso respondia aos estímulos até parar de responder.
O corpo de Paulo Roberto foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML), onde passará por exames para constatar a causa da morte. Érika foi autuada por vilipêndio de cadáver e furto mediante fraude.
Repercussão
O caso viralizou nas redes sociais, na terça-feira (16), após a divulgação de um vídeo registrado pelos atendentes do banco. As imagens mostram Erika tentando fazer com que Paulo Roberto assine a documentação para o saque dos R$ 17 mil.
No registro, é possível ver Érika tentando deixar a cabeça do homem reta com a mão em vários momentos, além de simular diálogos. "Tio, tá ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor", chegou a falar na ocasião.
Em outro momento ela mostrou o documento e disse para ele assinar da mesma forma que está em seu documento de identificação. "Assina para não me dar mais dor de cabeça, eu não aguento mais", complementou.
Os funcionários do banco tentaram intervir e uma delas disse: "Acho que ele não está bem". Então, a mulher respondeu: "Ele não diz nada, ele é assim mesmo. Tio, você quer ir para a UPA de novo?", perguntou.
A investigação da polícia apura se Érika cometeu furto mediante fraude ou estelionato e se houve ajuda de outras pessoas para cometer os crimes.