O estado do Rio Grande do Sul registrou, nessa terça-feira (10), um fenômeno conhecido como "chuva preta". Moradores dos municípios de Arroio Grande, São Lourenço do Sul, Pelotas e São José do Norte presenciaram o evento climático, que é resultado das queimadas nos biomas brasileiros.
O Brasil enfrenta uma sequência de incêndios e seca nas últimas semanas, fazendo com que uma nuvem de fumaça se espalhe por quase todas as regiões do país. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem registrado níveis recordes de poluição, levando o governo a orientar o uso de máscaras e a evitar atividades ao ar livre. Quase toda a região está sob alerta para o risco de novas queimadas.
Em entrevista ao Estadão, o meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, explicou como o fenômeno ocorre.
"Há uma camada densa de fumaça espalhada por grande parte da América do Sul, inclusive no Brasil, e a 'chuva preta' é resultado desta queima incompleta de material orgânico, de combustível fóssil. Essa queima gera carbono negro, uma fuligem (nanopartículas pretas), que é transportada facilmente por correntes de vento nos baixos níveis da atmosfera",] disse Estael.
Antes de chegar ao Brasil, a chuva preta foi registrada no Uruguai. O país vizinho também estava coberto de fumaça, com ocorrências do fenômeno nos departamentos de Cerro Largo e Rocha.
A expectativa é de que a chuva preta também seja registrada em Mato Grosso do Sul e São Paulo. As regiões ainda não foram atingidas pela frente fria devido a um bloqueio atmosférico que impede a passagem de nuvens. Esse bloqueio deve continuar até o fim da semana, quando a chuva é esperada.