Mirelis Diaz Zerpa, esposa de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, foi presa nesta quinta-feira (25) pela Polícia Federal (PF) nos Estados Unidos. A venezuelana estava foragida há dois anos e meio.
Mirelis era alvo em um mandado de prisão da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A mulher é acusada de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa.
Glaidson Acácio dos Santos, esposo de Mirelis, é o dono da GAS Consultoria. Segundo investigação da PF e do Ministério Público Federal (MPF), os dois e os demais sócios da empresa teriam movimentado R$ 38 bilhões em uma pirâmide financeira, lesando centenas de investidores de criptomoedas.
Ainda conforme a investigação, Mirelis comandava o esquema da quadrilha nos Estados Unidos desde agosto de 2021 e teria sacado mais de R$ 1,2 bilhão de bitcoins desde 2021.
Publicações nas redes
Nesse período, Mirelis estava de forma ilegal nos Estados Unidos, mas ainda assim mantinha as redes sociais atualizadas frequentemente, inclusive fornecendo detalhes de onde estava.
Além da localização, ela ainda fazia lives, interagia com seguidores em vídeos e chegou até a publicar foto na Times Square, em Nova York, pouco antes de ser presa em Chicago.
Nas postagens, entretanto, Mirelis não citava os negócios do marido, escolhendo sempre falar sobre mensagens motivacionais, ilustrações e músicas.
Mirelis ainda veio a público em 2022 para dizer que estava sendo injustiçada, citando que estava "arrependida" dos erros que havia cometido.
"Vamos sair dessa injustiça. Nós vamos sair dessa e mais fortes de cabeça erguida e acreditar que a pessoa que não fez mal a ninguém, que existe um Deus lá em cima, e que faz justiça. E que tudo que está oculto saia à luz", declarou.
Esquema da quadrilha
A investigação da PF mostra que Mirelis era responsável por dar suporte remotamente à candidatura política de Glaidson. Ele lançou a candidatura a deputado federal pelo PSC mesmo preso na Cadeira Pública Joaquim Ferreira de Souza, mas não foi eleito.
Mirelis entrou nos Estados Unidos, em 2021, dias antes da Operação Kryptos. Ela obteve visto de estudante em julho de 2022 para um curso na Universidade de Atlanta. O documento teria sido obtido com o auxílio do brasileiro Ricardo Rodrigo Gomes, conhecido como Piloto.
Segundo a defesa de Mirelis, "o motivo da detenção foi uma irregularidade formal em seu visto, o que era de seu desconhecimento e de seus advogados, e que está em vias de ser esclarecido".
A mesma nota aponta que o Superior Tribunal de Justiça concedeu, no dia 20 de dezembro, uma ordem de habeas corpus e, por conta disso, a ordem de prisão seria ilegal.