Marcelo Valverde, preso em flagrante nessa segunda-feira (8), por tráfico de pessoas, em São Paulo, teria aliciado para adoção ilegal a mãe do menino de dois anos de idade que era considerado desaparecido em Santa Catarina. A informação é da Polícia Civil e foi publicada pelo g1 nesta terça (9).
Segundo o site, Marcelo é apontado como intermediador na entrega da criança a Roberta Porfírio, que também foi detida e que intencionava ficar com o garoto. Além disso, ele é investigado por integrar uma quadrilha de tráfico de crianças.
Conforme a Polícia, Marcelo assediava a mãe do menino a entregar o filho para adoção ilegal desde antes do nascimento dele. Os dois trocavam mensagens pelo telefone e teriam se conhecido quando a mulher entrou em grupos sobre gravidez nas redes sociais, pouco depois de descobrir a gestação.
"É a ponta de um iceberg", disse Sandra Mara, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCami) de São José, em Santa Catarina. "Na nossa investigação, uma das linhas era essa, de que era uma quadrilha que fazia tráfico de pessoas, fazia adoção ilegal. Tanto é que ela, a mãe da criança, entregou a certidão e a carteira de vacinação para a Roberta, para quem veio aqui buscar a criança", continuou a delegada.
Sandra disse ainda que, inicialmente, a mãe se negou entregar a criança a Marcelo. Porém, dois anos depois, ela decidiu entregar de maneira espontânea. A mulher foi descrita como jovem, vítima de violência e com a saúde mental frágil.
No momento, a Polícia busca entender se Marcelo chegou a pagar para a mãe entregar a criança ou se ele recebeu de Roberta algum valor para intermediar essa entrega. Mesmo que o caso tenha ocorrido de maneira voluntária, o Código Penal entende como crime o ato de registrar o filho de outra pessoa como próprio.
Investigação sobre quadrilha
A Polícia Civil de Santa Catarina também busca entender se outras crianças foram vítimas do suposto esquema de tráfico humano. A quebra de sigilo bancário dos suspeitos presos já foi solicitada para que os investigadores apurem se houve transferência de valor entre eles.
"Sabemos que no sul do País acontecem esses desaparecimentos e acontecem essas redes de tráfico. Nossa intenção é descobrir se, de fato mesmo, é uma quadrilha, se Marcelo tem outras situações envolvendo ele nesses aliciamentos, nessas buscas de crianças, ou se isso é fato isolado", afirmou a delegada da DPCami.
Como o menino foi encontrado?
O menino foi visto pela última vez com a mãe, pela avó materna, no último dia 30 de abril. Em 1º de maio, a avó questionou a filha sobre o paradeiro do neto e ouviu dela que a criança estava na casa de uma amiga. Um dia depois, porém, a jovem foi hospitalizada, desacordada. Foi aí que a avó do menino entrou em contato com a amiga citada pela filha, descobriu que ele não estava com ela e registrou o caso na Polícia.
A criança foi localizada dentro de um carro, na noite dessa segunda-feira (8), em São Paulo. A Polícia já estava monitorando o casal que estava com ela. E, quando a mulher, Roberta, saiu de dentro de um veículo e entrou em outro, onde estava Marcelo Valverde, os agentes passaram a acompanhá-los até a abordagem.
Questionada pela Polícia, Roberta apresentou um documento e disse que era a Certidão de Nascimento da criança. Ela também falou que a mãe do bebê o teria doado e que os dois estariam indo ao Fórum para regularizar a situação.