A mãe do menino de 2 anos encontrado em São Paulo, na última segunda-feira (8), após desaparecer de Santa Catarina concedeu entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, afirmando que teve um surto antes de entregar a criança. O caso é investigado pela polícia como tráfico de pessoas. Marcelo Valverde Valezi e Roberta Porfírio, que estavam sob posse do menino, são os principais suspeitos.
"Eu tive um surto e resolvi entregar a criança para ele, mas sem pensar que poderia ser uma quadrilha de tráfico ou algo do tipo", revelou ela, sem ser identificada, dando detalhes do dia em que entregou a criança aos dois citados. Segundo a jovem de 22 anos, as conversas com Marcelo estavam ocorrendo desde 2020 em um grupo de rede social destinado ao apoio de mães.
"Ele contou a história dele, que ele é 'tentante' junto com a mulher dele, já tiveram diversos abortos", relatou ela durante a entrevista. Na época, as propostas teriam se iniciado, com Marcelo tentando argumentar com a mãe que ela não poderia "colocar a criança no mundo para sofrer".
Contato retomado
Dois anos após os primeiros contatos, já que a criança nasceu em 2021, o contato com Marcelo retornou e passou a ser frequente. Em mensagens obtidas pelo Fantástico, o homem contou que não queria mais ficar com a criança, mas conhecia alguém que gostaria: Roberta Porfírio.
O encontro foi marcado para o último dia 30 de abril, em um shopping da cidade de São José, mas ocorreu mesmo na rua. Uma câmera de segurança registrou a entrega e, posteriormente, mostrou o que, segundo a investigação policial, seria a adulteração da placa do veículo.
"Eu teria que tomar uma decisão ali mesmo, né? Por pressão e pela manipulação, que eu já estava ali naquele local, dentro do carro deles, eu acabei cedendo e fazendo isso, né? Eu tive um surto e resolvi entregar a criança ele, mas sem pensar que poderia ser uma quadrilha de tráfico ou algo do tipo", explicou a mãe.
A jovem, então, passou a noite em um hotel pago por Roberta, retornando para casa apenas no dia seguinte. Ciente da entrega, ela conta ter entrado em desespero, chegando a tentar tirar a própria vida. Ela foi socorrida e levada à UTI de um hospital da cidade.
Enquanto isso, a criança foi levada à praia de Balneário Camboriú, local onde Roberta tem família. Logo depois, o menino foi levado de carro até Tatuapé, em São Paulo.
A avó do menino foi quem iniciou as buscas, já que a filha estava no hospital. "A gente começou a procurar nos lugares mais óbvios, né, assim, tipo na casa de alguém, algum conhecido. Corremos atrás de uma delegacia para prestar depoimento. Muito triste, parece, assim, que a pessoa enfia uma faca no teu peito, e a dor é tão grande que não consegue puxar aquilo, tirar aquela dor, sabe? É muito desesperador", contou também em entrevista ao Fantástico.
Na última segunda-feira, em meio às buscas da polícia, Marcelo e Roberta foram localizados em Tatuapé junto da criança, no mesmo carro. Na ocasião, o menino de dois anos foi recolhido para um abrigo.
Defesa argumenta
A polícia apura, até então, se houve algum tipo de ganho financeiro com a entrega da criança. Porém, a defesa argumenta que não houve rapto de criança e que a entrega teria sido feita com o total consentimento da mãe.
Sobre a adulteração da placa, a defesa também alegou que desconhece qualquer problema do tipo no veículo.
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina determinou que o menino de 2 anos seja transferido ainda nesta segunda-feira (15) para o Estado, mas ele não voltará, inicialmente, para a casa da mãe.