A defesa de Monique Medeiros solicitou novo depoimento junto à Polícia Civil e mudou a versão dos fatos apresentados por ela sobre o envolvimento na morte do filho Henry Borel. Agora, a professora afirma que ela vivia uma rotina de agressões e já chegou a ser enforcada pelo companheiro, o médico e vereador carioca Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho (sem partido).
Os novos representantes legais da mãe do menino, Thiago Minagé, Hugo Novais e Thaise Mattar Assad dizem que, com a prisão temporária do político, Monique agora se sente segura para falar a verdade sobre a relação do casal. As informações são do O Globo.
"Tanto a babá, quanto a ex-namorada afirmaram ter medo dele (Jairinho). Será que a única pessoa que não teve o depoimento influenciado por Jairinho foi Monique? É uma questão de raciocínio", argumentou ao jornal o advogado Hugo Novais.
Na petição enviada pela equipe de juristas ao procurador-geral de Justiça, solicita a designação de um “promotor especial para acompanhar o inquérito”.
Primeira versão
No depoimento apresentada ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, em 18 de março, Monique disse ter dado banho em Henry, por volta de 20h do dia 7 de março, e depois o colocado para dormir na cama do quarto em que dividia com o companheiro. Ela e Jairinho teriam ficado na sala, assistindo televisão.
Segundo o relato da professora aos investigadores, Henry levantou três vezes até 1h50, sendo levado de volta ao cômodo. Com objetivo de não incomodar o sono do filho, o casal teria ido para o quarto de hóspedes para continuar a assistir série. Logo depois, Jairinho teria adormecido.
Por volta de 3h30, Monique disse ter levantado e chamado o político, que foi ao banheiro. Ao voltar para o quarto em que estava Henry, ela diz ter encontrado o menino caído no chão, com olhos revirados, mãos e pés gelados, e sem responder.
Ela relata ter gritado por Jairinho, que foi imediatamente ao cômodo. Eles teriam se arrumado rapidamente e se dirigido para o Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. No caminho, a professora diz ter feito uma respiração boca a boca na criança, depois de orientação do parlamentar.
Ao chegar na unidade de saúde, ela contou ter gritado pedindo ajuda, tendo recebido atendimento de várias pessoas imediatamente.
O laudo hospitalar sobre o corpo de Henry concluiu que a criança apresentava as seguintes condições:
- múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores;
- infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça;
- edemas no encéfalo;
- grande quantidade de sangue no abdome;
- contusão no rim à direita;
- trauma com contusão pulmonar;
- laceração hepática (no fígado);
- e hemorragia retroperitoneal.
Sobre as lesões, Monique afirmou à Polícia que acredita que ele possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão.
Morte de Henry
Henry Borel morreu na madrugada de 8 de março, no apartamento em que vivia com Monique e Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca. Segundo as investigações, ele era agredido pelo vereador com bandas, chutes e pancadas na cabeça. Monique tinha conhecimento da violência desde o dia 12 de fevereiro, pelo menos.
Henry foi levado pela mãe e pelo padrasto ao hospital Barra D'Or na madrugada de 8 de março e já chegou à unidade sem vida.
Os investigadores afirmam que Henry foi assassinado com emprego de tortura e sem chance de defesa. O inquérito aponta que a criança chegou à casa da mãe por volta de 19h20 de 7 de março, um domingo, após passar o fim de semana com o pai.
O casal foi preso no dia 8 de abril por suspeita de atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas.