Investigada por supostamente ter envenenado os enteados com substâncias na comida no Rio de Janeiro, Cíntia Mariano Dias Cabral também ofereceu refeição à mãe das vítimas. As informações são do jornal Extra.
"Até eu poderia ter ido nesse pacote", acredita Jane Carvalho. Dias após a morte da filha de 22 anos, Cíntia mandou mensagem para ela oferecendo comida.
Por meio de troca de mensagens no dia 1 de abril, Cíntia afirma ter carne assada com salada de agrião e se oferece para levar a comida para Jane. A mãe de Fernanda e Bruno agradece e diz que estava se alimentando pouco e que ainda tinha comida do almoço do dia anterior.
"Toda vez que ela me oferecia comida eu sentia uma energia ruim, então sempre falava não, desculpe, obrigada. Sentia que havia algo errado nessa solidariedade em insistir muito para eu comer", conta Jane.
Em uma das mensagens, a suspeita disse: "tem feijão fresquinho, tem que comer, Jane", escreveu Cíntia. "Só Deus sabe o que poderia ter acontecido se eu aceitasse, esse feijão poderia vir batizado para mim", comenta Jane.
A madrasta dos jovens também ofereceu a Jane o suplemento alimentar de Fernanda, que fazia dieta e consumia insumos específicos. Logo após a morte da jovem Cíntia perguntou para Jane se ela queria ficar com o produto da "Nanda". Jane recusou mais uma vez.
"O meu está cheio. Não conheço essa marca" disse ela, perguntando se a Carla, filha dela, não poderia se interessar, mas Cíntia disse que não.
As vítimas
Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, faleceu no último dia 28 de março, depois de ficar internada por quase duas semanas em um hospital da rede pública do Rio de Janeiro. A jovem foi hospitalizada depois de passar mal em casa. Foi o pai quem a teria socorrido depois de encontrá-la no chão do banheiro, encharcada de suor, dificuldade para respirar, com a língua enrolada e a boca tomada por espuma.
Sem diagnóstico, ela não respondeu ao tratamento e morreu no hospital. Em seu atestado de óbito consta que a morte se deu por falência múltipla dos órgãos em decorrência de causas naturais. Sem indício de crime, o corpo dela não foi submetido a necropsia.
O adolescente Bruno,de 16 anos, apresentou sintomas parecidos aos da irmã logo após almoçar na casa onde o pai vive com a madrasta. Ele também chegou a ser hospitalizado, mas ao contrário de Fernanda, sobreviveu. Isso porque ele próprio foi capaz de apontar para a mãe a hipótese de que Cintia houvesse adicionado veneno à comida que lhe foi servido por ela.
O casal de irmãos morava com o pai e a madrasta há cerca de um ano, em uma casa em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio.
Investigada
A internação de Bruno com sintomas de intoxicação por envenenamento aconteceu no dia 15 de maio, cerca de dois meses após a irmã ter sido hospitalizada. Foi a mãe quem o socorreu e ouviu o relato dele indicando que a madrasta havia acrescentado alguma substância tóxica à refeição que lhe foi servida.
Ao perceber que o quadro clínico do filho caçula se assemelhava ao que desencadeou a morte de Fernanda, a mãe procurou, imediatamente, a 33ª DP (Realengo) para prestar queixa contra a madrasta de seus dois filhos. Neste momento, Cíntia passou à condição de investigada.
Em depoimento à Polícia Civil um dos filhos de Cíntia Mariano afirmou que a mãe brigou com uma de suas irmãs por tentar pegar a comida do prato de Bruno. De acordo com o relato, Cíntia preparou a refeição do estudante e não se sentou à mesa durante o almoço daquele domingo 15 de maio.
Cíntia está presa temporariamente desde a última sexta-feira (20) e foi mantida em cárcere pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), após audiência de custódia na tarde do domingo (22). Ela nega o crime.