Justiça proíbe médica de disseminar informação falsa de que câncer de mama não existe

Profissional que se apresentou como mastologista disse que mamografia, o principal método de rastreamento e prevenção contra o câncer de mama, somente causa "inflamação das mamas"

A médica Lana Almeida foi proibida pelo Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) de continuar divulgando em suas redes sociais informações falsas de que o câncer de mama não existe. Decisão foi proferida nesta sexta-feira (1º), após ação movida pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). 

Além de não poder mais publicar sobre o assunto, foi definido que a profissional de saúde retire a publicação original, sob pena de multa diária de R$ 1,5 mil. A médica é investigada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA). Neste sábado (2), o perfil de Lana já não é mais encontrado no Instagram, inclusive. 

O TJPA proibiu Lana de realizar qualquer publicação futura anunciando e método alternativo de tratamento para a doença ou que conteste a eficácia comprovada da mamografia como método de rastreio e diagnóstico precoce do câncer de mama.

Na semana passada, diversas entidades se posicionaram contra as declarações falsas da profissional de saúde. “Esqueça outubro rosa, câncer de mama não existe. A mamografia causa inflamação das mamas”, disse a mulher, que se apresentou como médica integrativa e mastologista. 

Inca classificou informação como fake news 

Em nota sobre o caso, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) se posiciona “terminantemente contra a desinformação divulgada em rede social acerca de câncer de mama”, e classifica o conteúdo como fake news.

“O câncer de mama é uma doença real e comprovada cientificamente, sendo um dos tipos de câncer mais comuns entre mulheres no Brasil e no mundo. Diagnósticos e tratamentos precoces são fundamentais para reduzir a mortalidade pela doença, assim como são de suma importância os exames de rastreamento, como a mamografia, e campanhas de conscientização como o Outubro Rosa. A desinformação sobre a inexistência do câncer de mama não tem respaldo científico e prejudica a saúde pública, colocando vidas em risco ao desencorajar exames preventivos e tratamentos essenciais”, diz o comunicado do órgão.

Outro médico investigado 

O médico Lucas Ferreira Mattos, que tem mais de 1,2 milhão de seguidores no Instagram, publicou um vídeo na rede social afirmando que a mamografia aumentava a incidência de câncer de mama. O vídeo foi uma resposta a pergunta de uma mulher, que afirmou ter dois cistos nos seios e querer saber sobre o tratamento.

“Ficar fazendo mamografia? Uma mamografia gera uma radiação para a mama equivalente a 200 raios X. Isso aumenta a incidência de câncer de mama, por excesso de mamografia. Tenho 100% de certeza que o seu nódulo benigno é deficiência de iodo”, disse ele no vídeo.

Conforme a Sociedade Brasileira de Mastologia, a informação compartilhada pelo médico é falsa. A entidade reforça que a mamografia é o principal meio de prevenção do câncer de mama, o mais comum entre as mulheres no Brasil.

O Conselho Regional de Medicina de SP (Cremesp) informou que está investigando o caso e que as apurações tramitam sob sigilo.