'Feed zero': conheça a tendência da geração Z nas redes sociais

Jovens e adolescentes com menos de 30 anos apostam em menos exposição nas redes sociais

Se jovens e adolescentes do fim dos anos 1990 e início dos anos 2000 passavam horas escolhendo e publicando as melhores fotos no Orkut, Facebook e nos fotologs, a geração Z, de pessoas nascidas entre 1995 e 2010, têm ido para o extremo oposto. O movimento de menos exposição nas redes sociais é conhecido como "feed zero", já que os usuários ficam meses – e até anos – sem publicar fotografias nas redes sociais. 

Essa geração também é a primeira a ter nascida já como "nativa digital", diferente das outras que precisaram se adaptar à Internet. Somam-se a isso fatores como: autoestima, vergonha e julgamento social.

Em reportagem publicada sobre o assunto neste domingo (29), o Estadão ouviu o consultor de redes sociais Alexandre Inagaki.

Ele ressaltou que a exposição exagerada e a busca por engajamento também estão associadas a problemas que vão de cyberbullying a ansiedade.

No ano passado, uma pesquisa realizada pelo Panorama de Saúde Mental com jovens de 10 a 24 anos mostrou que esse grupo tem baixo índice de autoestima. Conforme o levantamento, quase 8 em cada 10 jovens dizem se sentir "feios ou pouco atraentes". 

Outro fator apontado por especialistas  é o momento pós-pandemia, já que esses jovens tiveram parte da adolescência em isolamento social.

“Não podemos ignorar o peso da cultura do cancelamento. Em meio a tantas pressões já naturais da idade, o medo de ser julgado e condenado por alguma foto, vídeo ou opinião postada é outro motivo nada desprezível para que a geração Z opte por manter sua vida online restrita”, disse Inagaki em entrevista ao Estadão.

Sigilo

Uma tendência paralela entre a Geração Z é a criação de contas secretas, conhecidas como "dix", "spam", "zuado", "daily" ou "privado". Nelas, os jovens adicionam apenas alguns amigos próximos ou publicam imagens temporárias.

Em entrevista à NPR, rede de rádio pública estadunidense, o CEO do Instagram, Adam Mosseri reconheceu que há uma queda no uso do feed e um uso mais direcionado aos stories.

“Os adolescentes passam muito mais tempo nas DMs do que passam nos stories, e ficam muito mais tempo nos stories do que ficam no feed”, disse Mosseri.