A Polícia Civil do Rio de Janeiro encerrou as investigações sobre a morte de Eliana Cordeiro, de 58 anos, atropelada pelo próprio filho no fim de outubro. O estudante de Medicina Eduardo Tavares de Aquino, de 32 anos, foi indiciado por feminicídio. Para os investigadores, ele agiu propositalmente contra a mãe.
A decisão foi divulgada pelos policiais nessa terça-feira (12). Com a condenação, Eduardo foi levado para o presídio de Itaperuna, no Noroeste Fluminense. Ao g1, o delegado Carlos Augusto, que cuida do caso, afirmou que certos fatores foram determinantes para considerar que a ação do filho foi dolosa.
Primeiro, está a utilização fora do comum do veículo por parte do estudante antes do acidente. Ele trafegava por uma rua sem muita movimentação e, ao ver a mãe, acelerou o carro em linha reta. Eliana andava em uma bicicleta amarela no momento que foi atingida.
O meio de transporte da mãe também foi um dos pontos analisados pelos policiais. Segundo o delegado, a coloração viva do veículo a diferenciava das demais na rua, e que a iluminação da cena do crime ajudava a identificá-la bem. "Todo mundo sabia da comunidade que só ela tinha aquela bicicleta", assegurou.
Os investigadores também suspeitaram da conduta de Eduardo depois o acidente, que fugiu e não prestou apoio à vítima. Porém, ao escapar, acabou atingindo outro veículo, o que deixou cinco pessoas feridas.
Além de feminicídio, Eduardo é acusado de lesão corporal culposa e por dirigir sob efeito de entorpecente. Com isso, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) espera que o suspeito vá a júri popular em breve.
Histórico de agressões
Além das condições do acidente, a Polícia informou que as suspeitas sobre Eduardo se tornaram mais fortes quando analisaram a relação do jovem com a mãe. Eliana sofria agressões frequentes do filho e um desses momentos, inclusive, foi capturado em vídeo.
Em imagens capturadas pelos familiares da vítima, é possível ver um momento de discussão entre Eduardo e Eliana. O mais jovem teria iniciado uma confusão após a mãe ter negado emprestar a ele R$ 5.
"Morre logo, sua desgraçada! Morre logo, desgraçada! (...) 'É' cinco reais, você é um lixo!", gritou Eduardo em um trecho da gravação.
Em depoimento aos policiais um dia depois do acidente, o estudante afirmou não saber que a vítima do atropelamento era a própria mãe. Na última semana, o advogado de defesa de Eduardo afirmou que se afastaria do caso.