Escavações no antigo DOI-Codi, centro clandestino de tortura da época da ditadura militar, em São Paulo, encontraram possíveis vestígios de sangue e a inscrição de um calendário.
O trabalho de buscas teve início em 2 de agosto e deve ser concluído nesta segunda-feira (14), segundo reportado pelo portal g1.
Os pesquisadores buscam elucidar as violações cometidas durante o período antidemocrático no Brasil. Claudia Plens, coordenadora de arqueologia forense, afirmou ao portal que um vestígio que pode ser sangue foi encontrado em duas salas do primeiro andar.
Análises laboratoriais realizadas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) devem determinar se o artefato realmente se trata de sangue.
Durante as escavações, também foram encontrados entre 350 e 400 objetos, como vidro de tinta para caneta e carimbo. Os itens seriam do período entre as décadas de 50 a 90 e irão ajudar na linha do tempo de acontecimentos.
Segundo Andres Zarankin, coordenador da equipe de escavações, os objetos têm grande importância. "Elementos que por si só talvez não sejam muito, mas quando a gente associa com as histórias que temos dos próprios prisioneiros, ganham outro significado", afirmou ao g1.
Tortura na Ditadura Militar
O DOI-Codi foi um órgão clandestino criado em 1969 e incorporado ao Exército, funcionando como centro de tortura, assassinato e desaparecimento forçado.
A estimativa é que mais de 7 mil opositores da ditadura tenham sido torturados no órgão, que foi ativo até o início da década de 1980.
A sede do DOI-Codi é tombada pelo Condephaat e Conpresp, órgãos de preservação estadual e municipal.
As primeiras ações no local foram realizadas em 2022, e os dados obtidos seguem em análise. Os edifícios foram mapeados para identificar portas e janelas escondidas atrás de paredes.