O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas, teve o afastamento solicitado na Justiça pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) e pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, na noite dessa quarta-feira (17).
A ação civil pública foi protocolada menos de dez dias após 37 servidores pedirem exoneração coletiva do Inep por assédio moral e interferência nas questões das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Nesse cenário, as entidades solicitaram o afastamento imediato de Dupas por um intervalo mínimo de 90 dias e sob pena de mullta diária de R$ 100 MIL. Elas avaliam na ação que há uma "gravíssima crise" no Ministério da Educação, "desencadeada pelos abusos, despreparo, inépcia e má-fé" dos gestores da Pasta e do presidente Jair Bolsonaro.
"Os atos abusivos, ímprobos e ilícitos perpetrados conjuntamente e de forma concertada pelos dirigentes das pessoas jurídicas de direito público demandadas, a saber, o presidente da República [Jair Bolsonaro], o ministro da Educação [Milton Ribeiro], e o presidente do INEP, na condução do setor da educação no Brasil, causaram diretamente a crise no INEP, e são por conseguinte potencialmente causadores de gravíssimos danos coletivos iminentes, a um só tempo materiais, morais e sociais".
O documento apresentado à Justiça pede ainda que no lugar de Dupas seja nomeado um "interventor" servidor de carreira dentre os decanos do Inep para realização e correção integral do Enem.
A defesa de Dupas não se manifestou sobre a ação judicial até a publicação desta matéria.
Denúncias
A “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep” foi outra razão apontada pelos servidores para o pedido de demissão em massa no último dia 8 de novembro. A motivação foi citada em carta enviada aos diretores do Inep.
"Não se trata de posição ideológica ou de cunho sindical. A despeito das dificuldades relatadas, reafirmo o compromisso com a sociedade de manter empenho com as atividades técnicas relacionadas às metas institucionais estabelecidas em 2021", aponta o texto assinado por "servidores públicos federais".
Ainda assim, o MEC informou que as mudanças não alteram o cronograma do Enem, que segue agendado para os próximos dias 21 e 28 de novembro.