O psicólogo Paulo Roberto Souza e Silva, líder da igreja daimista Céu do Mar, no Rio de Janeiro, é acusado de abuso sexual e trabalhista. Um processo contra ele, um dos mais conhecidos padrinhos do Santo Daime no Brasil, corre em sigilo na Justiça do Trabalho do Rio, conforme o colunista Marcelo Leite, da Folha de S.Paulo.
Paulo não teria comparecido a nenhuma audiência. O processo é movido por uma jovem funcionária e frequentadora, de 33 anos. Ainda segundo a coluna, ela foi expulsa da igreja quando veio à tona a informação de que o padrinho a assediava.
A principal organização da religião Santo Daime no Brasil, a Igreja Eclética da Fluente Luz Universal (Iceflu), publicou no dia 1º de novembro uma nota sobre as acusações. A nota diz que “Paulo Roberto teve um papel de destaque no processo e legalização e expansão” da doutrina. “De toda forma, a ICEFLU considera inaceitáveis, do ponto de vista ético, suas possíveis condutas de abuso e importunação sexual”.
“Nossa instituição se solidariza profundamente com as vítimas de abuso e reafirma seu compromisso em ouvir e apoiar qualquer pessoa que tenha enfrentado situações de violência ou assédio, garantindo espaços de acolhimento e suporte”, diz a nota.
A nota diz ainda que a Iceflu está “fortalecendo nossos canais de acolhimento e aperfeiçoando e nosso trabalho, no sentido de promover um ambiente religioso seguro e acolhedor para todos, aberto à escuta ativa e preparado para enfrentar, com firmeza, situações de abuso e de desvio de conduta em nossos quadros”.
A organização diz que a Iceflu “tem apoiado e fortalecido o GT Mulheres, que vem promovendo ações educativas e propondo medidas disciplinares, assim como promovendo o letramento sobre o assunto, acolhendo mulheres e trabalhando para implementar boas práticas”.
“Reiteramos que nossos centros associados podem acessar nosso canal de acolhimento (acolhimento@iceflu.org) de forma segura e confidencial, bastando buscar informações diretamente em nossa sede ou nos centros associados”, diz ainda a Iceflu.
Conhecida por ter o chá do daime, ou ayahuasca, como um sacramento, a religião nasceu no Acre no início do século XX e foi registrada oficialmente na década de 30.